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Reportagem: Hatebreed, Switchtense, Reality Slap e Anal Hard @ Cine-Teatro Corroios - 31/8/2011

Numa noite em que o Verão só se fez sentir dentro do Cine-teatro de Corroios, carinhosamente apelidado por muitos de Cine-Sauna, saudava-se essencialmente o regressos de um dos principais nomes do Hardcore Hatebreed, depois de nos terem visitado pela última vez em 2004 na Voz do Operário. A expectativa era grande, lá fora dava para perceber que a casa ia estar atestada e que o calor infernal iria deixar as suas marcas. A acompanhar os americanos estiveram legitimamente os, actualmente incontornáveis, Switchtense, os Reality Slap e os espanhois Anal Hard.

Cerca da hora previamente estabelecida os espanhois trataram de dar início a um evento que fez as delícias, particularmente, dos fãs do género. Ainda com a sala algo despida, os Anal Hard chegaram, tocaram com competência e atitude e provocaram as primeiras pequenas movimentações entre o público, embora nada que se compare com o que viria a seguir. Entoando os temas na sua lingua mãe, estiveram à altura do desafio apesar de não ser fácil ser a primeira banda, quando lá fora ainda há muita gente a terminar as cervejas.


Depois sim, mais pessoas entraram na sala e aproximaram-se do palco para ver Reality Slap, portugueses e já respeitados neste meio que representa uma boa fatia da música mais pesada em Portugal. Muitos acompanhavam as letras enquanto o circle pit e as «danças tradicionais» do Hardcore subiam de tom e intensidade. A banda apresentou-se com alma e dedicação, esforçou-se para criar uma boa união com os fãs, e conseguiu. O público divertiu-se, a banda também, e estava definitivamente criado o ambiente. O calor, esse, começava a apertar e comentava-se “como será daqui a pouco?”.


Em seguida, uma das melhores bandas ao vivo da actualidade. Os Switchtense não conseguem dar concertos fracos e, no terreno deles, deram mais um de prego a fundo, num espaço já replecto. O som esteve no ponto, pelo menos onde a reportagem da Metal Imperium se situava, e os índices de agressividade atingiram níveis altos. A banda moitense, que acentou a sua actuação no último álbum, não parou de puxar pelo suor de quem estava perante si, e quase todos os temas contaram com a ajuda de algumas centenas de vozes. Quando houver um apagão, chamem os Switchtense, porque com a energia que emanam não há luz que fique por acender. Imponente e garra para dar e vender!

A noite aproximava-se do fim e do seu auge. O ar era irrespirável, sufocante. Algum tempo de espera, não muito, a elevar ainda mais a curiosidade e expectativa. De repente e sem aviso, os Hatebreed liderados pelo carismático Jamey Jasta e o seu lenço na cabeça (que viria a ser disputado por muitas mãos no final) enrompem pelo palco e oferecem-nos desde logo um estalo chamado “Straight To Your Face”, rematando a seguir com “Never Let It Die” - escusado será dizer que a loucura tomou conta do Cine-Teatro de Corroios desde o primeiro instante. Muito mosh, muitas vozes, muito headbang, houve de tudo. «Everyone Bleeds Now» e «In Ashes They Shall Reap» não tardaram muito e por esta altura o caos já estava instalado. Numa sucessão imparável e massacrante de clássicos e temas mais recentes, ora mais rápidos ora mais lentos mas todos eles esmagadores, a banda teve sempre o público na mão, criando-se uma simbiose perfeita entre todos. Houve até oportunidade para cantar os parabéns ao baterista Matt Byrne. «Defeatist» e «As Diehard As They Come» foram fabulosas e mais para o fim o seu grande hino «I Will Be Heard» deve ter sido ouvido a alguns km’s, tal a convicção com que foi entoado pelos presentes. Os Hatebreed abandonaram o palco, as pessoas começavam a sair para respirar, mas ainda faltavam «Live For This» e «Destroy Everything» que obrigaram muitos a voltar para trás e a esgotar por completo as forças que eventualmente ainda existiam. Pleno de intensidade e de peso, este foi um concerto de músculo que não deixou ninguém indiferente.




Texto por Carlos Fonte
Fotografia por Pedro Roque

Agradecimentos: Xuxa Jurássica