Shining - "VII: Född Förlorare" Review

Se há bandas que têm o condão de trazer ao de cima o lado mais negro, depressivo e revoltante do Ser Humano, os suecos Shining são indubitavelmente uma delas. Situação que se agudiza quando estamos na presença de alguém que anexa à angústia da sua música, um lado cénico polémico que K. não mostra pejo em partilhar com os fãs e os «haters». Kvarforth, a voz e o rosto principal do colectivo que lança agora «VII - Född Förlorare», tem-se revelado no entanto mais comedido e até a música produzida pela banda tem ganho alguma estrutura física e melhor produção (não é que as emoções a prefiram), camuflando levemente a ruína psicológica que a banda impunha numa fase mais embrionária da sua carreira, por via de uma total claustrofobia sonora. Sendo certo que liricamente tudo continua como dantes, e o pano de fundo é o mesmo, musicalmente a banda vai dando de si, um ar mais sóbrio. Mais uma vez, não é que isso seja preferível.

«VII - Född Förlorare» é, no geral, mais cativante e intenso que o seu antecessor. Em termos de composição a banda não inova muito, as estruturas são sempre parecidas. O que pode ir variando é mesmo o turbilhão emocional que os discos podem infligir no ouvinte, e isso dependerá sempre de algumas variáveis, particularmente pessoais. Não se julgue, porém, que o novo trabalho dos suecos não se situa num terreno bem negro e com nota positiva, apesar da sua previsibilidade e questões acima referidas. Kvarforth, continua a conjugar a sua voz agressiva com a de maior introspecção, sendo estas bem acompanhadas ora por uma distorção musculada, ora pela soturna acústica das guitarras. Esta é a base dos 42 minutos que constroem o disco.

O sentimento decrépito inicia-se com «Fortvivlan Min Arvedelum», um excelente cartão de visita para o que se segue, que é igualmente de destacar. A segunda faixa oferece-nos Black Metal de alta rotação, com espaço naturalmente para momentos mais calmos. É nesta toada bifurcada que se desenrola «VII - Född Förlorare», exceptuando o penúltimo tema que é, todo ele, sonolento. Álbum duro que, não sendo tão penetrante como outros, pode ser uma bela banda sonora, no sentido de viajarmos pelo que é difícil de transmitir.

Nota: 7.9/10