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Grog - "Scooping the Cranial Insides" Review

Tenho que vos confessar uma coisa, o que até pode ser um pouco embaraçoso para mim, mas prefiro ser assim sincero e mostrar a minha opinião.

Já oiço metal há cerca de 20 anos. Quase 100% do que oiço é internacional, o que deixa um valor miserável (e absolutamente injusto) para a nossa cena nacional. Qual a razão? Não sei, mas talvez eu seja daqueles que pense um pouco como “o que é nacional (não) é bom”, a deficiente promoção das bandas nos media ou falta de atenção da minha parte... Não é de propósito, confesso, mas tenho ignorado a nossa cena. No passado não era assim, ouvia bastante metal nacional: Sacred Sin, Thormentor, Shrine, WC Noise, Genocide, Web, para além dos 'obrigatórios' Moonspell e Ramp e na altura era visível a qualidade muito acima da média em muitas delas.

Aqui à dias, aqui o meu 'chefe' na Metal Imperium perguntou-me: “João, os Grog vão lancar um novo disco. Queres fazer a review?”. “Ok, venha ele”, disse eu. Penso: “Bom, vai ser muito interessante ouvir o que faz cá dentro. Eu até conheço razoavelmente bem os Grog e a sua carreira...”.


Com um percurso iniciado em 1991, cedo se destacaram na cena nacional pelo seu death brutal / grindcore extremo e obsceno, e liderado pelo carismático Pedro Pedra, os Grog têm agora em “Scooping the Cranial Insides” o seu terceiro disco de longa duração e apresentam treze novas descargas (mais uma escondida) de mais brutal death metal e menos grindcore. Este sucessor do “Macabre Requiems” de 1996 e “Odes to the Carniverous” de 2001, é um disco pleno de fúria e raiva (des)controlada, de uma execução técnica irrepreensível. Para nos podermos situar, imaginemos uma mistura dos Hate Eternal com os Cattle Decapitation e poderão ter uma ideia do que este disco se trata.

Quase sempre num regime “blastbeat”, ocasionais “hyperblast”, “Scooping the Cranial Insides” é um disco excelente, cheio de poder, que nos agarra pelo pescoço desde o início, nos torce sem misericórdia e nos atira contra uma parede. Já conheciamos os Grog neste tipo de tratamentos, mas desta vez isto é feito com mais profissionalismo e eficiência. Para além da qualidade inegável das musicas, a produção está mais do que adequada para este tipo de som, muito “in your face” e trazendo todos os instrumentos para a primeira linha, sempre liderados pela voz gutural de Pedra.


Desde o início do disco com “Toia Mai (Haka Powhiri)” (a tradicional Haka), passando por “Beyond The Freakish Scene”, “Hanged By The Cojones”, “Re-Reborn Monstrosity” e finalizando com “10 Cummandments” (sem contar com a faixa escondida), “Scooping the Cranial Insides” é do melhor que já ouvi neste tipo de metal. Especial atenção vai para o baterista Rolando Barros, uma verdadeira máquina de guerra que desconhecia existir no nosso país.

Os Grog já levam uns anos valentes nesta vida, mas acredito que, com a promoção adequada, os poderão levar ao sucesso além fronteiras e a mostrar ao mundo que aqui também se faz metal com muita qualidade.


Agora pergunto-me: “Vou dar mais atenção ao metal nacional?” Podem crer que sim!! Ele merece, não deve ser menosprezado e principalmente deve ser apoiado, quer com a compra dos discos quer nos concertos. Porque não somos menos que os outros. Afinal de contas, já fomos donos de metade do mundo e nunca devemos baixar a cabeça quando estamos à frente de outros. O metal nacional foi, é e sempre será forte e “Scooping the Cranial Insides” é uma boa amostra disso.


Nota:
8.3 /10

"Scooping the Cranial Insides" track list:

01. Toia Mai (Haka Powhiri)
02. Beyond The Freakish Scene

03. Split 3 To Share
04. Sphincterized (Materialized in s**t)
05. Hanged By The Cojones

06. Acephalus Meatgrind Orgy Hibernation

07. Stream Of Psychopathic Devourment

08. Sicko
09. Anal Core

10. Re-Reborn Monstrosity
11. The Misanthropes (Tortured, Decayed & Cursed)

12. Ravenous Loathing

13. 10 Cummandments

14. Esketetos de Kona (faixa escondida)




Review por João Nascimento