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Entrevista aos Switchtense


Há dois anos entrevistámos os Switchtense quando a banda se encontrava a promover o seu disco de estreia "Confrontation of Souls". Esse foi um álbum marcante no panorama de peso nacional e neste ano de 2011, o grupo lançou o seu disco homónimo que sucede ao de 2009 e que promete pela sua grande qualidade e sinceridade, elevar o nome dos Switchtense a outro patamar. Desta vez tivemos o prazer de entrevistar o baixista Karia, que nos falou mais sobre a banda e o novo disco.


M.I. - Tivemos a oportunidade de constatar que os novos temas também resultam muito bem ao vivo. Houve alguma preocupação da vossa parte em compor temas feitos para resultarem bem em palco?


Boas, antes de mais, um grande obrigado ao Metal Imperium pela oportunidade de promover e divulgar este nosso novo álbum "Switchtense". Quando chegou à altura de começarmos a estruturar as novas músicas a ideia foi sempre a dar o máximo de nós, trabalhar com todo o empenho para, mais uma vez com muita dedicação, fazermos o melhor trabalho que conseguíssemos e, em grande parte, foi essa a nossa motivação. Como é natural, as músicas tinham que nos encher as medidas e fazer-nos sentir bem a tocá-las. Temos que nos sentir bem em tocá-las ao vivo, para podermos transmitir a energia de cada musica a quem nos vê num palco. Indirectamente acaba por ser natural a procura de uma música que resulte em concerto e o feedback tem-se revelado bastante positivo. É muito importante o que sentimos da parte de quem nos vê e ouve, a força que nos dão para o lado de cá, pois apercebemo-nos que as pessoas acabam por sentir que o que fazemos é sincero e é ali que está o que somos realmente. Geralmente damos connosco a dizer uns aos outros: "hein, olha lá, tás a imaginar o arraial que esta parte vai ser??"[risos] Esta visão dá-nos força para continuarmos a seguir em frente!


M.I. - Achas que o facto da banda ter a mesma formação do "Confrontation Of Souls", contribuiu decisivamente para a solidez e qualidade deste segundo álbum? Vocês são um grupo muito unido, ou há muito confronto de ideias?

Sem dúvida que contribuiu sermos os mesmo cinco há já alguns anos, é bastante importante numa banda ter uma formação estável e sólida, onde todos puxam uns pelos outros para fazer melhor. Somos um grupo muito unido, e no fim acabamos por ser grandes amigos para todas as circunstâncias da vida. O que contribuiu e muito também para a solidez e qualidade deste segundo álbum, foi o facto de "Switchtense" ter sido captado em estúdio pelo Pardal ( nosso guitarrista ). Ele já tem bastante experiência neste campo e sem dúvida que nos ajudou a gravar exactamente o que queríamos neste álbum, pois ele como elemento da banda sabe exactamente o que todos queremos de cada tema e isso foi um factor bastante importante para a qualidade deste novo álbum! E claro, o trabalho do Daniel Cardoso que mais uma vez superou as nossas expectativas. Não sentimos necessidade nenhuma de ir lá fora procurar alguém para este trabalho quando temos cá (por enquanto) em Portugal o melhor. Um bom confronto de ideias é sempre positivo. Obviamente existem alguns porque temos a confiança, frontalidade, respeito, cumplicidade e maturidade suficientes no nosso seio, para discutir e conseguir chegar a um consenso geral, que geralmente acaba por dar uma ideia ainda melhor. Somos bastante unidos, passamos grande parte do tempo juntos, mesmo sem ensaiar ou tocar, gostamos de estar juntos, funcionamos bem. Só não passamos mais todos juntos porque o Xinês vem de Évora e são sempre viagens de mais de 200 kms, mas estamos sempre em contacto uns com os outros porque é isto que nos move todos os dias assim que acordamos.


M.I. - Estão tão ou mais entusiasmados do que quando lançaram o vosso álbum de estreia?

Nós estamos sempre entusiasmados com o que o futuro nos reserva. Trabalhamos muito para o crescimento da banda, e entusiasmo e motivação não faltam! Durante este tempo que separa o 1º álbum do 2º aprendemos muitas coisas, quer a nível de palco quer a nível de bastidores. Tivemos a sorte de ter da Rastilho, uma bela ajuda na promoção cá em Portugal e lá fora também, e agora que editamos o novo registo o trabalho da Rastilho tem sido incansável. Temos tido também a ajuda do David que promove a zine “ Scratch the Surface “ na abordagem à imprensa e todo o tipo de publicações internacionais. Fomos aprendendo muita coisa ao longo deste tempo, dos inúmeros concertos que fizemos cá e lá fora, alguns maiores outros mais pequenos, mas sempre com a mesma dedicação e empenho ( foram mais de sessenta neste intervalo de tempo ), e de alguma maneira de como chegar ainda mais perto das pessoas que nos ouvem. Sentimos todos uma evolução como músicos, e do que podemos oferecer ao vivo, culminado toda essa experiência neste novo álbum. Estamos bastante entusiasmados, e expectantes com o que iremos conseguir com este disco, no seguimento do trabalho já realizado e pelo que conquistámos com o primeiro álbum, será uma nova etapa com tudo o que de bom e mau possa trazer, mas será sempre fruto das nossas próprias escolhas e do nosso suor! Outra coisa que nos entusiasma também são as pessoas que vamos encontrando pelo caminho…Já conhecemos muita gente boa e que são hoje em dia nossos amigos! Os outros, o que normalmente se comportam como venenosos também nos dão força…por mais que pensam que não, é assim que acontece!


M.I. - O novo álbum tem 12 temas. Aproveitaram todas as músicas que compuseram ou houve material a ficar de fora?


Não conseguimos deixar nada de fora [risos]. Inicialmente pensámos fazer um álbum com dez temas, mas depois gravámos todos e não deixámos nenhum de fora pois não podíamos escolher entre eles… gostamos de todos!! É claro que houveram "projectos de músicas" que foram deixados para trás pois não estavam "no ponto". Voltávamos a ouvir e se não soava grande coisa, era logo posto de parte, às vezes mesmo na tecla "Delete" [risos] como costumávamos brincar uns com os outros quando era mesmo mau!! Outras vezes guardávamos, porque geralmente há sempre um ou outro riff bom que pode encaixar em algo novo a ser feito no futuro.



M.I. - Porque escolheram o tema "Unbreakable", para primeiro single do álbum e para o video-clip?


Escolhemos o tema "Unbreakable", por ser um tema forte tanto no som como na sua letra e porque todos sem excepção na banda nos identificarmos a 100% com ela. Esse tema fala, entre outras ideias, do que/quem nos quer deitar abaixo, e faz de tudo para atingir esse fim. Existem metáforas ao cinismo e hipocrisia de certas pessoas, atitudes e discursos sem nexo ou qualquer teor de verdade nos ataques que são feitos, mas que mesmo assim não nos conseguiram deitar abaixo! Nunca conseguirão porque nascemos assim, Inquebráveis!! [risos] Já diz o velho ditado, o que não nos mata, só nos fortalece, e assim seguimos cada vez mais fortes!! O conceito do vídeo é bastante simples, bem como queríamos. A realização e captação de imagens ficou a cargo do Miguel Miranda e está já disponível no nosso novo website, feito pelo Pedro Mau. A morada é: www.switchtense-band.com Para já o site serve de plataforma de exposição do vídeo. No futuro vamos actualizando o site com mais conteúdos sobre a banda!




M.I. - A música "Legacy Of Hate" foi composta já a pensar no Leif Jansen dos Dew-Scented? Ou só depois tiveram a ideia de o convidar?


Sempre tivemos um desejo de ouvir a voz do Leif Jansen num tema nosso, e sempre achámos isso algo completamente fora do nosso alcance. Desde o início da banda que gostamos e ouvimos Dew-Scented, e chegou ao dia em que quase deliramos quando soubemos que íamos tocar no mesmo festival que eles! Conhecemo-los aí e voltámos a encontrá-los no ano seguinte noutro festival, a partir daí temos sempre mantido contacto com e uma relação de amizade. Foi através dos Dew-Scented que conseguimos tocar na Alemanha. Também conseguimos traze-los ao festival que organizamos, o Moita Metal Fest em 2010. Primeiro convidámo-lo para participar numa música assim que surgiu essa ideia, e o Leif, como excelente pessoa que é aceitou logo. Só depois é que surgiu a música ideal e que sugeria logo à primeira audição que a voz dele entrasse ali Depois de finalizada a ideia e a letra acabada enviámos-lhe tudo para a Alemanha, ele mostrou-se logo bastante entusiasmado, gostou da letra e nota-se a forma como ele se empenhou e se esforçou para fazer, também ele, um grande trabalho de voz na " The Legacy of Hate". Gravou na Alemanha e enviou para nós. Foi uma sensação indescritível quando ouvimos a primeira vez a voz do Hugo e do Leif juntas naquela malha [risos]. Se ainda não a ouviram com atenção aproveitem e vão buscar álbum, não se vão arrepender [risos].


M.I. - Que importância achas que o novo disco vai ter no vosso percurso?


Este novo álbum vem confirmar que estamos cá para ficar, e que iremos sempre querer superar-nos a nós próprios. Não fazemos parte de um movimento, ou de uma moda, que ao fim de pouco tempo desaparece, somos Switchtense, e quem nos seguir saberá sempre com o que contar. Nós somos o que está no novo disco. Tudo o que está lá gravado fomos nós que tocámos, tudo até ao mais pequeno pormenor. Muita concentração, muito esforço, faz parte da nossa própria maneira de ser queremos sempre mais e melhor e ao nosso gosto, e provamos que podemos superar-nos! Este novo álbum é mais uma marca nossa como banda e por isso que decidimos dar-lhe o nome de Switchtense: é a marca do que somos, do que queremos, de tudo o que demos de nós até à gravação deste novo álbum. Naquelas cinco semanas de gravação no nosso próprio estúdio: Ultrasound na Moita ( por sinal também ele construído por nós e alguns amigos) demos tudo o que tínhamos e ainda arranjámos força para dar mais. Queremos com este álbum chegar mais longe, abrir mais portas. Para já temos dois álbuns para comprovar que o conseguimos fazer, e com o nosso esforço temos a certeza que iremos avançar seja devagar, mais depressa, não interessa. Queremos é continuar cada vez mais a fazer desta banda a nossa vida e agarrar as oportunidades que vão surgindo, resultantes também do nosso trabalho, e se essas oportunidades depois de analisadas as julguemos positivas, iremos sem dúvida em frente sem olhar para trás. A trabalhar assim , cada um de nós, cada elemento da banda a respirar "isto" todos os dias, naturalmente que vão aparecendo novas oportunidades e o futuro será melhor! Não podemos nem queremos esmorecer, antes pelo contrário temos uma grande força interior que nos faz seguir, trabalhar, acreditar, e lutar para construir o melhor caminho para os Switchtense.




M.I. - Agora que o importante passo de lançar o segundo álbum foi dado, o que podemos esperar dos Switchtense num futuro próximo? Muitos concertos? Vão tentar chegar lá fora?


Desde que o novo álbum "Switchtense" saiu em Maio, já fizemos quatro concertos de apresentação e correram todos bastante bem e com uma boa adesão de pessoal, mais dois no Algarve, no Festival Metal GDL e sempre com uma energia brutal tanto nossa como do público que felizmente nos segue, nos apoia e com quem ficamos até de manhã ás vezes. Tem sido altamente ver o pessoal a berrar os novos refrões com uma fúria imensa, a vir falar connosco no fim do concerto. Passamos sempre todos um bom bocado, e isso como já foi referido são dos momentos mais importantes para os quais vivemos! Trabalhamos todos os dias sempre com a intenção de chegar a mais pessoas, cá em Portugal e lá fora, trabalhamos bastante para chegar a publicações e rádios estrangeiras, e até mesmo para obter distribuição do álbum no resto do mundo. Ao chegar mais longe e conseguirmos mostrar o nosso trabalho a mais pessoas, conseguimos receber opiniões, reacções e mesmo alguma divulgação do nosso trabalho o que se torna muito importante quando queremos sair lá para fora, temos de ser persistentes e continuar a insistir! Continuaremos a tocar bastante cá em Portugal, aliás temos uma série de concertos agendados para breve, além destes que já passaram desde o inicio de Maio. O futuro passará por encontrar cada vez mais datas lá fora com este novo álbum e chegar mais longe, tanto quanto possível. Já temos alguns contactos em mão e parece que está a evoluir favoravelmente [risos]! É isto que queremos da nossa vida, é para isto que vivemos, e não podemos esperar que venham a Portugal procurar-nos, até porque estamos no "fim" da Europa, temos de ser nós a encontrar a força para sair e mostrar o que valemos!


M.I. - É notório o gozo que vos dá actuarem ao vivo. Quais foram os concertos que vos deram mais prazer até à data?


[risos] É complicado escolher, como referes dá-nos tanto gozo, e faz-nos tão felizes podermos tocar ao vivo, que às vezes torna-se bastante complicado escolher alguns, são tantos.. Por exemplo, o ultimo no Metal GDL, que classificamos como o melhor festival de metal em Portugal, pelo empenho de toda agente que ali trabalha, pela maneira como as bandas são tratadas,pelo ambiente dos três dias do festival, e sempre que ali tocamos até arrepia a nós próprios, é uma sensação brutal! No entanto, temos grandes recordações de muitos outros, como por exemplo aqui na moita, quando tocamos no Festival que organizamos, o Moita Metal Fest, que já conta com oito edições sem interregno, ou os concertos da Alemanha com Dew-Scented, é sempre muito complicado escolher uns quantos!! Também gostamos de sítios mais pequenos e que enchem, como no Porto, Leiria, Évora ou mesmo aqui no In live caffe na Moita por exemplo, o pessoal caí para cima de nós, puxam-nos, gritam refrões, malhas inteiras e é sempre um ambiente avassalador! Todos os concertos nos dão um prazer especial, sejam grandes ou pequenos, a dedicação e força que infligimos nas músicas acabam por regressar a nós de novo pelo pessoal e é brutal! Só nos resta pedir a quem está a ler, que continue a ir aos concertos, que nos apoiem comprando um álbum, uma t-shirt, um top, ou um boné, que venham falar connosco, que continuem a apoiar cada vez mais o metal nacional. Já somos algumas boas bandas cá dentro, só assim podemos ter uma cena Metal forte e com visibilidade fora Portugal para todos. Está também nas vossas mãos fazer de Portugal um país de Metal!





Entrevista por Mário Rodrigues