Decapitated - "Carnival Is Forever" Review

Hannes Grossman, Tim Yeung, Adam Jarvis, Dan Wilding são alguns dos baterista da nova geração do death metal, todos eles bastantes jovens e talentosos. Um grupo onde estaria de certeza (e com todo o mérito) Witold Kiełtyka, ou como era mais conhecido, Vitek. O antigo baterista dos polacos Decapitated era um prodígio na arte de tocar death metal de uma forma muito técnica e intensa. É realmente incrível que ele, com a tenra idade de 13 anos, tenha formado a banda com o seu irmão Wacław “Vogg” Kiełtyka e com 15 anos gravado o aclamado disco de estreia, “Winds of Creation”. Hoje, de certeza que Vitek seria um dos bateristas de topo do death metal mundial, não fosse o destino o ter traído em Novembro de 2007, quando numa digressão pelos países de leste em promoção ao disco “Organic Hallucinosis”, o “tour bus” da banda sofreu um acidente, do qual ele viria a falecer e deixando o vocalista da altura Adrian “Covan” Kowanek gravemente ferido (ainda hoje em recuperação). Por todo o mundo, mensagens de condolências foram enviadas à banda e o mundo chorou a perda de um grande e jovem talento.

Este trágico acontecimento levou a banda a um hiato indefinido, e todos aguardavam a notícia do fim da banda. O que era mais que legítimo, tal a dimensão da perda. Os Decapitated deixaram uma marca inigualável, onde os discos “Winds of Creation” de 2000, “Nihility” de 2002, “The Negation” de 2004 e “Organic Hallucinosis” de 2006 se tornaram marcos importantes no mundo do death metal e alvo de um certo culto à volta dos mesmos.
Em 2009, os seus compatriotas Vader gravaram o disco “Necropolis” e foi com enorme espanto e jubilo que o antigo mentor dos Decapitated, o jovem Vogg foi anunciado como segundo guitarrista da banda. Logo na altura, muitos começaram a imaginar que talvez os Decapitated dessem por terminado o luto e regressassem ao mundo do death metal.

Tal desejo concretizou-se ainda em 2009, com a notícia que a banda estaria à procura de novos integrantes para uma segunda vida. O jovem baterista austriaco Kerim "Krimh" Lechner (ex-Thorns of Ivy), o baixista Filip "Heinrich" Hałucha (Vesania, UnSun) e o vocalista Rafał Piotrowski completaram a formação dos Decapitated. E em 2011 lançam este “Carnival is Forever”, um disco onde apostam um retorno à vida activa do death metal.

Este novo disco não é uma continuação lógica do passado. Tal facto tem um explicação simples: toda a composição está a cargo de Vogg e não tendo o seu irmão Vitek ao lado, o resultado final saiu um pouco diferente do som original da banda. O death metal intenso, técnico e orgânico foi agora substituído por uma abordagem um pouco mais maquinal e fria, não deixando num entanto de ser poderoso e intenso. Desde logo salta à vista a primeira diferença: os vocais. Os antigos vocalistas dos Decapitated imprimiam aquele vocal típico do death metal, mais grave e gutural, enquanto que aqui passamos a ter vocais gritados, sendo que o timbre de Rafał assemelha-se muito a Jens Kidman dos Meshuggah. Não que isso seja mau, mas logo aí se nota um distanciamento entre estes Decapitated de 2011 e os Decapitated antigos.

Globalmente, “Carnival is Forever” é um bom disco de regresso. Apesar de não ser aquele disco de death metal que estávmos à espera desta banda, o resultado final é bastante positivo. Temos aqui death metal de qualidade, ritmos frenéticos, execução perfeita e temas interessantes o suficiente para este disco ficar a rodar nos nossos leitores por bastante tempo. É difícil destacar um ou outro tema, pois todos os oito temas do disco falam por si e têm uma personalidade muito própria, seja num espectro mais “a meio-gás” ou mais rápido, “Carnival is Forever” é um disco que deve ser ouvido e apreciado como um todo. Excepção é o ultimo tema, “Silence”, numa sentida homenagem de Vogg ao seu desaparecido irmão, num tom acústico.

A Polónia é um dos berços do que melhor se faz ao nível do death metal mundial. Vader, Behemoth, Vesania, Hate, Lost Soul, Devilish Impressions são alguns dos exemplos. O retorno dos Decapitated é mais um reforço importante para esse campeonato. Vitek já não está entre nós, mas de certeza estará orgulhoso por ver que aqueles que ficaram quiseram fazer em sua memória: um disco honesto e poderoso.

Nota: 8/10