“Jordupulus” é o sétimo longa-duração dos Vintersorg, o que mostra bem de que é feita esta dupla. Nos próximo minutos de leitura, Mr. V fala-nos deste novo álbum, mas também da sua seriedade para com a música.
M.I. - “Jordupulus” é semelhante ao “Solens Rötter”, mas um pouco mais agressivo nalguns momentos. Partilhas da mesma opinião?
De certa maneira, posso concordar. Este álbum tem a mesma atmosfera, mesmo sendo discos diferentes. Penso que “Solens Rötter” é um álbum mais progressivo, com uma atitude um pouco mais suave e com padrões rítmicos mais complexos e “Jordupulus” tem um ritmo mais groove e a produção também é diferente, onde todos os elementos são mais extensos. As partes calmas são mais harmoniosas e a partes agressivas são mais cruas. Mesmo assim, são músicas dos Vintersorg, mas que são canalizadas de maneira diferente a cada álbum que criamos.
M.I. - Vintersorg é uma mistura de sonoridades e sinto que isso é espontâneo e, por vezes, exótico. Existe algum método especial para atingir esse nível?
Apenas escrevo o que sinto que seja natural e inspirador, é assim que traduzo o estado emocional do momento em que escrevo. Não faço cálculos, mas quando chega a parte dos arranjos, é claro que tentamos combinar da melhor forma as partes escritas e quais são os instrumentos que devem ser mais expostos. Eu acho que dinâmica é o mais importante na música, para que o ouvinte embarque na aventura, portanto as canções que escrevo acabam por ter uma larga escala de ritmo, elementos e contrastes.
M.I. - As letras de Vintersorg são em sueco. Quais são os temas principais abordados no “Jordupulus”?
São temas universais e clássicos de Vintersorg, onde existe relação e, por vezes, confronto entre o Homem e a Natureza. São temas sobre como essa relação funciona e como é que os humanos podem enriquecer a vida se experimentarmos a Natureza a um nível mais profundo do que o, apenas, nível visual. Somos filhos e filhas da Natureza, mas esquecemo-nos disso ao ofuscar esse facto com os modos modernos de vida e a exploração da fonte original.
M.I. - Apoio as bandas que cantam na sua língua materna, mas sentes que isso pode ser uma parede?
Não penso nisso dessa forma. Para mim, música é baseada em emoções e sou extremamente sério com a nossa arte, portanto, não posso realmente escolher o que escrevo; se a minha inspiração se inclina para a língua sueca não o posso negligenciar. Depois tenho que olhar para isso através de um espectro mais objectivo, mas para mim a música é tão subjectiva… Não consigo pensar em aspectos comerciais quando estou no processo que falei, mas percebo o teu ponto de vista. Espero que as pessoas sigam além do seu conhecimento de sueco e, muitas vezes, acho bom que se ouça música a partir de um ângulo mental aberto que está muito mais presente quando não se conhece o significado exacto de todas as palavras. Mesmo assim, acho que a nossa música vai guiar o ouvinte ao significado do conceito lírico.
M.I. - Quando “Solen Rötter” foi lançado, os Vintersorg foram considerados, por muitos, o regresso do ano. Achas que conseguem dar a mesma impressão desta vez?
Ainda nem pensei nisso. Apenas queremos mandar as nossas composições cá para fora na roupagem actual e fazemo-lo com paixão, alegria e numa plataforma muito séria. Esperamos que as pessoas rodem bastante o CD nos leitores antes de julgar, pois o álbum é complexo quanto a detalhes, por isso pode demorar a digerir. Mas penso que se ultrapassarem esse limite, o álbum é gratificante e vai durar por longos tempos.
M.I. - Podemos esperar alguns concertos com músicos convidados?
Para já não actuamos ao vivo, nem temos uma formação para concertos a tempo inteiro. O nosso quotidiano é muito complicado, o que nos dificulta ir para a estrada. Ambos temos várias obrigações com os nossos empregos e com as nossas famílias.
M.I. - Os Vintersorg estão quase a completar 20 anos de carreira. Qual é o teu balanço destes anos todos com este projecto?
Sinto que já percorremos um longo caminho, mas ainda temos outros tantos para explorar e trabalhar à nossa maneira, por isso não vamos abandonar a banda num futuro próximo – é mais do que apenas uma banda. Isto é uma forma de viver e pensar.
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Entrevista por Diogo Ferreira