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Entrevista aos Samael


Quinze anos separam “Passage” de “Lux Mundi”, mas as semelhanças entre estes dois álbuns de Samael são bastantes para júbilo de (creio eu) muitos fãs. Num conversa directa, Vorph fala-nos do novo disco, “Lux Mundi”, com a esperança de um regresso a Portugal.

M.I. -Quando comecei a ouvir “Lux Mundi”, a primeira coisa que me surgiu foi “Passage”. Podemos dizer que este álbum é um regresso às raízes do novo estilo de Samael em 1996, mas também uma nova sonoridade em relação aos últimos lançamentos de Samael?


Isso é uma maneira de ver as coisas, mas quanto a nós, os que nos interessava era ter um novo começo e abordar este álbum como se fosse o primeiro. É claro que após duas décadas ganhamos alguma experiência e podes encontrar no “Lux Mundi” elementos que fazem de Samael o que é. A referência ao “Passage” é provavelmente devido ao facto de as orquestrações e as guitarras estão mais proeminentes do que nos discos anteriores.


M.I. - Arriscas a dizer que “Lux Mundi” é o melhor álbum que fizeram nos últimos quinze anos?

Gostaria de acreditar que este é o melhor álbum desde o nosso início, mas em todo o caso, este é o álbum que está mais próximo de nós. Não tentámos experimentar a abertura de um novo campo com “Lux Mundi”, quisemos apenas ter músicas fortes que pudessem funcionar bem ao vivo para definir ou redefinir a identidade da banda.


M.I. - O lançamento do single “Antigod” meses antes do lançamento da longa-duração foi uma forma de aproximar os fãs e fazer com que ficassem ansiosos para ter “Lux Mundi”?

Foi uma forma de permitir que as pessoas soubessem algo sobre o álbum e também para apresentar um novo tema. Fizemos uma digressão em Novembro/Dezembro do ano passado e tocámos duas músicas do novo álbum; “Antigod” foi uma delas e a outra foi “Soul Invictus”, penso que foi uma boa introdução para “Lux Mundi”. Hoje em dia, temos acesso a muita informação e se queres ser ouvido tens que insistir mais na informação do que antes.


M.I. - Waldemar Sorychta é o homem por detrás da cena, nos estúdios, há muito tempo. Atreves-te a dizer que ele é como um quinto elemento dos Samael?

Pode soar a cliché, mas é verdade. Ele tem trabalhado sempre connosco, excepto em “Worship Him”, “Eternal” e “Above” que fizemos nós próprios. Conhecemo-lo há muito tempo e confiamos no seu instinto musical. Ele sabe o que uma música precisa para estar no seu melhor.


M.I. - Segundo a votação no vosso website, “In The Deep” é a música de “Lux Mundi” que os fãs mais gostam. São uma banda que quer saber aquilo que as pessoas têm para dizer?

Cedo soubemos que “In The Deep” tem um forte potencial para se tocar ao vivo e sem surpresa tornou-se na música preferida das pessoas. Quando chega o momento de escolher quais as músicas a tocar em digressões, confiamos muito mais nas nossas escolhas do que nessas votações, mas se queres a verdade, as duas opções combinam na perfeição.


M.I. - Sei que o album “Above” estava prestes a fazer parte de um projecto paralelo, mas acabou por se tornar num disco de Samael e é um pouco diferente dos restantes. Pensas que, de certa forma, isso foi um desvio no percurso da banda ou apenas uma experiência para ver o resultado?

Foi um álbum que fizemos pelo prazer de fazer e como gostámos do resultado decidimos lançá-lo como um disco de Samael. Não tínhamos qualquer intenção de enveredar por essa direcção com a banda; foi claramente um tiro único, mas teve incidência no novo álbum, especialmente na decisão que tomámos para que o som fosse orientado aos concertos, sem esquecer que o tema “The True Is Marching On” provavelmente não existiria se não fosse o “Above”.


M.I. - Estive no vosso concerto que deram em Portugal durante a digressão do “Solar Soul” e antes disso estiveram ausentes do nosso país mais de dez anos. Portugal é um país que gostavam de visitar mais?

Definitivamente, gostaríamos de tocar mais vezes em Portugal, especialmente porque sempre fomos bem recebidos. Em Setembro, vamos fazer uma digressão Europeia para o “Lux Mundi” e esperamos ter uma ou duas paragens em Portugal.


M.I. - Estamos a viver uma crise económica e a Internet é uma ferramenta poderosa. Pensas que lançar discos começa a ser uma perda de dinheiro para as bandas, mas ao mesmo tempo uma recompensa para aqueles que continuam a comprar CDs?

A procura de CDs continua forte nos dias que correm e a procura por Vinis também tem crescido recentemente. É claro que com o aparecimento de novos medias, a forma de como a música é distribuída tem mudado consideravelmente e a venda de CDs hoje em dia não se compara à do final dos anos 90, mas continua a valer pena lançar CDs para os fãs.




Entrevista por Diogo Ferreira