A Dream of Poe - "The Mirror of Deliverance" Review

Há uns meses atrás fiz a crítica do EP "Lady of Shallott", que serviu de aperitivo para este álbum de estreia recém lançado e intitulado "The Mirror of Deliverance". Se o EP mostrava que o projecto do multi-instrumentista e produtor Açoriano Miguel "Spell" Santos tinha qualidade e pernas para andar, o longa duração de estreia veio confirmar o valor de A Dream of Poe e mesmo elevá-lo a outros patamares a nível de composição onde se nota de facto evolução.

A sonoridade mantém-se num doom/death/gothic metal atmosférico, arrastado e melancólico e temas como "Neophyte", "Liber XLIX" e "Chrysopoeia" além de seguirem a mesma linha, são tão boas como "Lady of Shallott" (que também faz parte deste CD), a melhor música do EP o qual havia a curiosidade em saber se seria igualada ou mesmo superada neste trabalho. Apenas "The Lost King of the Lyre" fica um pouco a baixo das outras faixas do trabalho, sendo ainda assim bem acima da média. Mas o grande tema deste trabalho e que se superioriza a tudo o que já foi ouvido dos A Dream of Poe é "Os Vultos", bem arrastado e envolvente, com uma incrível performance do vocalista convidado nesta música António Neves (In Peccatum), num registo declamado bastante sentido. De referir que a letra deste tema é em português o que dá ainda mais força ao mesmo.

Óptimo trabalho de Miguel Santos na criação de riffs envolventes que agarram o ouvinte e para os fortes solos de guitarra dos convidados Nelson Félix e Paulo Bettencourt que abrilhantam ainda mais esta estreia. João Melo tem aqui mais uma valorosa performance na voz quer no registo limpo e melancólico, que é o mais usado pelo cantor, quer nos growls que pontualmente utiliza.

Este é um álbum forte e de muita qualidade, passível de ser apreciado por todos os amantes de doom/death metal e de bandas como My Dying Bride e Anathema, ou mesmo dos nacionais Before the Rain ou Mourning Lenore, por aproximação a nível sonoro. A Dream of Poe é um nome a fixar junto às várias excelentes bandas de doom que temos em Portugal, já nem vale a pena citar nomes porque quem está atento ao que está a ser feito do género por cá sabe do que estou a falar. O mentor deste projecto Miguel Santos, tem todas as razões para se sentir realizado com a sua obra.

Nota: 8/10