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Reportagem: Sabaton, Nightmare, Gwydion e Drakkar @ Cine-Teatro de Corroios 2011

Este ano o dia de Carnaval coincidiu com o Dia Internacional da Mulher: duas celebrações num só dia. Mas numa pequena e irredutível cidade da Margem Sul houve ainda mais motivos para celebrar: um grande concerto de Heavy Metal com alguns imperadores da old school.


O evento começou com os nacionais Drakkar. Uma excelente actuação da banda de Almada, que presenteou a audiência com quatro temas e com uma grande demonstração sobre a arte de fazer heavy metal de primeira categoria. Com um som perfeitamente adequado às dimensões da sala (volume elevado mas sem ser ensurdecedor), a actuação teve apenas um defeito: acabou por saber a pouco…
Quatro temas clássicos e originais, dois em português e dois em inglês, mostraram que a incrível voz de Pedro Arroja e a veterania da banda estão muito bem acompanhadas pelos elementos mais jovens que compõem o quinteto actual. A reduzida audiência, composta por poucas dezenas de pessoas, não parou de acarinhar a banda durante a meia hora aproximada que durou a actuação, que se pode realmente reduzir a uma palavra apenas: exemplar!



Seguiram-se os reis do folk nacional, os consagrados Gwydion. Abriram o concerto com a faixa de abertura do último álbum. Miguel Kaveirinha continua igual a si próprio, conversando e brincando com a audiência ajudando a promover um ambiente quase intimista. Tal como sucedeu com os Drakkar, uma actuação bastante curta. Ainda faltava receber as bandas estrangeiras e já estava a ficar tarde. Após três temas apenas, os Gwydion despediram-se do público caloroso.


Por volta das 22 h entraram em palco os franceses Nightmare. Profissionalismo absoluto e simpatia contagiante! É uma bênção ver um concerto destes gauleses. Novamente, o som bem à medida da sala e do público, o que permitiu ficar a dois metros da banda sem comprometer o sistema auditivo de forma irreversível.
Os músicos presentearam os presentes com 45 minutos de excelente heavy metal. No meio de alguns temas com quase trinta anos, reservaram uma surpresa fabulosa: uma cover de Holy Diver. Poder-se-ia jurar que Ronnie James Dio estava no palco… a voz de Jo Amore e a sua presença em palco já tinham feito evocar o grande músico. De repente, como que obedecendo à ordem das coisas que têm de acontecer, ouviram-se os primeiros acordes deste clássico. O público exultou e o cine-teatro transformou-se num lugar ainda mais mágico: talvez um dos maiores momentos que a sala já presenciou! Arrebatador, magnífico, contagiante, soberbo e mais adjectivação da mesma índole… só mesmo estando lá para perceber o que se passou…
Para fechar o set, tocaram um hino velhinho: Trust a Crowd. Um exemplo perfeito do excelente heavy metal que se fazia na década de 1980. Melodia, ritmo, riffs muito inspirados e um solo incrível. Para quem não conhece o tema, fica aqui a recomendação.
No final da actuação dos gauleses, a fasquia estava bastante elevada para os Sabaton. Um verdadeiro Nightmare… iriam estar à altura?



Cerca de 15 minutos após o último acorde de Trust a Crowd, os suecos entraram ao ataque. O carismático vocalista com a sua aparência habitual e um conjunto de músicos extremamente competentes que despejaram sobre a audiência a sua munição de temas épicos e bélicos. A guerra é uma coisa horrível, mas os temas dos Sabaton são plenos de esperança e glória. A simpatia do vocalista foi quase tocante. Joakim Broden não se cansou de agradecer o entusiasmo do público, que retribuía com júbilo a magnífica actuação da banda. Joakim conversou bastante com o público e chegou oferecer algumas das suas garrafas de água! Visivelmente emocionados e agradecidos, os suecos podiam ficar a tocar uma semana que os presentes não arredariam pé…
Destacar temas numa setlist tão coesa e harmónica é tarefa ingrata. Talvez sejam de mencionar alguns dos clássicos da banda: Ghost Division, Uprising, Cliffs of Gallipoli, Attero Dominatus ou Primo Victoria. Uma actuação brilhante e perfeita!
Por alturas do meio do concerto estavam no meio do público uns convidados especiais: os franceses, que tinham acabado de actuar, conviviam com a audiência e aplaudiam os suecos… mais palavras para quê?


Uma noite inesquecível em Corroios: excelente heavy metal, grande simpatia e profissionalismo, uma amplificação exemplar e público rendido. O que pode ser melhor?



Texto: Pedro Cotrim
Fotografia: Inês Fonte


Agradecimentos: Live Media Entertainment