O Side B, em Benavente, recebeu no dia 19 de Março o festival da “Major Label Industries”. «Doom» foi a palavra de ordem, numa noite que levou gente em número bastante respeitável à pacata localidade ribatejana.
Aos Insaniae coube a normalmente árdua tarefa de abrir a noite. O grupo lisboeta esteve em palco perto de 40 minutos, o suficiente para demonstrar as suas capacidades e qualidades. A mais que batida dicotomia entre a voz limpa feminina e o growl masculino não impediram que o púbico se deixasse levar pelo ritmo lento de riffs sufocante empreendido pelos Insaniae.
Volvidos alguns minutos, entraram em acção os Löbo. Banda que não alia a voz a todo o instrumental, necessitando por isso de um mood muito próprio por parte de quem está cá em baixo, sob pena de se tornar penoso. O seu doom atmosférico tem vindo a ganhar espaço e reconhecimento, e deram um concerto competente fazendo aproximar do palco muitos curiosos, marcando o ritmo com a cabeça a uma velocidade angustiante.
Seguiram-se os Mourning Lenore. Não obstante a anunciada saída de João Galrito (voz e guitarra), o músico e respectiva banda lá vão cumprindo as datas a que se propuseram e depois logo se vê. Mas por enquanto o leme continua a estar a seu cargo. Concerto bem interessante, sem se dar por fretes, com momentos muito bons de um death/doom sôfrego, emocional, de melodias cativantes e uns quantos solos que caem como luvas e que felizmente se ouviam na perfeição. «Rain’s Seduction» ficou na memória, que grande tema!
Por fim, o nome mais aguardado pela maioria: Process of Guilt. Mais um concerto arrebatador, mais um atropelo. O som criado pelo colectivo de Évora é uma autêntica parede de betão cada vez mais requintada. Centraram as suas atenções em «Erosion», 2º álbum, e deram a conhecer 2 novos temas que prometem manter bem viva a chama em seu redor. Sem falas, descarregaram doom/death de um peso e densidade tais, que saíram e deixaram os fãs a tentar perceber o que lhes tinha acontecido. E assim terminou um evento com pouca luz e muito fumo a invadir a sala.
Uma noite inteiramente dedicada ao Doom pode não ser de simples digestão. Porém, analisando friamente e banda a banda, somos levados a dizer que todas estiveram a bom nível, independentemente da maior ou menor originalidade. O metal nacional tem qualidade, está vivo e de parabéns.
Texto por Carlos Fonte
Fotografia por Inês Fonte