Ao fim de semana “fica fora de mão”, imagine-se a uma quarta feira, onde a distância e a preguiça nem são os únicos problemas. Foi o dia possível para esta tour passar pelo Side B, e assim não foi de espantar o confrangedor número de almas presentes.
A noite foi aberta à hora marcada pelos brasileiros NervoChaos. Competentes, fizeram o seu trabalho, descarregando Death Metal anti-cristão da velha escola. Vários foram os momentos bem agradáveis por via de bons temas e riffs que ficam na cabeça, demonstrando a qualidade de quem já cá anda há pelo menos 15 anos. Numa postura muito low-profile, ofereceram a uma plateia despida um bom início de hostilidades, preparando o ritual que se seguia.
E então algo completamente diferente. Num cartaz composto apenas por dois nomes, faltavam somente os noruegueses Ragnarok. Ajudados por um som a roçar a perfeição, como aliás é norma naquele espaço, fizeram um apanhado geral da discografia enquanto cá em baixo as cabeças rolavam ao ritmo de melodias tão orelhudas e gélidas e uma bateria arrasadora. HansFyrste, vocalista, não gastou tempo em conversas que só quebrariam o ambiente; sem teatros exacerbados e de notável simplicidade, foi intenso e directo como manda a lei. Durante a actuação, um pequeno problema com a guitarra não atrapalhou a banda nem o público, que instantaneamente viu as suas atenções raptadas pela jurisdição de um imponente baixista. Todo o concerto foi muito sólido, mas vários temas deixaram marca, como: «It’s War», «In The Wings of Satan», e a assombrosa recta final com «In Nomine Satanas» e «Blackdoor Miracle». Prestação boa, com subtis flashes de interacção apesar da aparência fria e distante tão característica. Uma banda que merecia maior reconhecimento. Resta saber se o busca.
Excelente celebração. Um agradecimento à organização pela coragem. Quem foi deu por bem empregue o tempo e o dinheiro, sem dúvida alguma.
Texto por Carlos Fonte
Fotos por Inês Fonte
