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Entrevista aos Amon Amarth


"Surtur Rising" é o nono álbum dos Amon Amarth, uma banda que dispensa apresentações, tendo uma sonoridade única e coerente. Falámos com o baterista Fredrik Andersson acerca deste trabalho que sai já a 28 de Março e de vários outros assuntos relacionados com o grupo sueco.

M.I. - Qual é o balanço que fazes da vossa carreira? Com certeza que te sentes muito orgulhoso com tudo o que conseguiram conquistar...

É claro que sinto orgulhoso por isso! Na verdade, nem em sonhos imaginei, quando ainda estávamos no começo, que um dia iria ganhar a vida a tocar numa banda de metal! Nós também nunca realmente o encarámos como uma carreira. Apenas gostávamos de tocar e de compor as nossas músicas. É claro que todos os artistas sonham que o que criam venha um dia a ser popular, mas nós nunca nos interrogámos sobre a possibilidade de o conseguir. Enquanto formos capazes de escrever músicas e de andar em tournées sem perder dinheiro estaremos satisfeitos. O momento mais difícil foi na verdade um pouco antes de conseguirmos “dar o salto”. Éramos suficientemente grandes para podermos e querermos andar bastante tempo em tournées por todo o lado, mas ainda não recebíamos o suficiente para podermos desistir dos nossos trabalhos diários. Era um equilíbrio difícil. Agora podemos concentrar-nos a 100% na música. Enquanto as coisas ficarem assim é óptimo, embora saibamos que nada dura para sempre.


M.I. - A popularidade dos Amon Amarth tem aumentado todos os anos, fruto da grande qualidade dos vossos álbuns. Até onde pensas que os Amon Amarth podem chegar?

Bem, tal como disse na pergunta anterior, a preocupação nunca foi realmente essa. Apenas estamos a compor música que gostamos e temos imensa grande sorte por as pessoas parecerem gostar do que fazemos! Na verdade, eu diria que a nossa crescente popularidade é resultante do facto de estarmos a ficar cada vez mais populares, se é que isso faz algum sentido. De um modo geral, apenas por sabermos que as pessoas gostam do que fazemos inspira-nos a nos esforçarmos ainda para compor música cada vez melhor. E, como eu já disse, enquanto nos pudermos manter a este nível, a escrever música, a fazer tours e a ser capazes de pagar as nossas contas de casa com a música podemos continuar felizes.


M.I. - Os Amon Amarth sempre lançaram álbuns muito fortes e fiéis à sua sonoridade. Nunca pensaram experimentar abordagens diferentes à vossa música?

Temos vindo a experimentar coisas diferentes em todos os álbuns. Com toda a sinceridade, cada vez que escrevemos um álbum novo, há sempre pelo menos uma música ou uma sonoridade que nos faz perguntar "o que raio pensarão os nossos fãs?" mas no final muito poucos notam, ou então limitam-se a gostar, de modo que arriscamos sempre dar mais um passo em cada lançamento.
Parece que é frequente compararem-nos aos AC/DC. Não encaro isso como uma coisa má. Temos consistência: se se puser a tocar qualquer um dos nossos álbuns a tocar percebe-se logo que é mesmo nosso. Acho que comparando qualquer um dos nossos álbuns não se notam grandes diferenças.


M.I. - Desde o vosso álbum de estreia que vocês mantêm a mesma lineup. Pensas que isso fui decisivo para a coerência e solidez da vossa sonoridade e dos vossos álbuns?

Bem, não é inteiramente verdade. Eu entrei na banda em 1998, tal como o Johan S., e nenhum de nós participou no primeiro álbum. Mas penso que, desde aí, tem sido um dos contributos para a coerência do nosso som.


M.I. - Qual é o segredo para a banda se manter toda unida durante tantos anos?

Paciência, bem como tolerância e respeito. Coisas que eu penso que podem ser postas em prática após algum tempo em conjunto. Isso e o facto de que nós não termos "grandes egos" na banda. Vemo-nos como uma unidade e trabalhamos sempre juntos. Também dividimos tudo de forma equilibrada.


M.I. - No dia 25 de Março lançam "Surtur Rising" e depois irão em tour pela Europa com os The Black Dahlia Murder e os Evocation a abrirem para vocês. Estão ansiosos que chegue essa altura?

É óptimo, estamos animados por estar de volta às tours. O único senão é o facto de o booking desta primavera se ter tornado uma confusão. Tínhamos planos que não deram certo e agora vamos sofrer com isso, já que será um pouco na base do “desenrascanço”. Por exemplo, não podemos ir tocar a todos os lugares que queríamos. Esta tour europeia é bastante curta e não cobre sequer metade da Europa. Pensamos fazer uma maior mais para a altura do final do ano.


M.I. - De que modo o facto de viajarem pelo mundo a promover a vossa música vos influenciou como músicos e como pessoas?

Pessoalmente, acho que permite uma perspectiva diferente de ver uma boa parte do mundo e das pessoas dos diferentes países. Torna-se mais fácil entender porque as coisas são como são e da forma como o são. Em termos profissionais não faço ideia, mas penso que fica demonstrado que a música é universal e que evoca sentimentos semelhantes a cada um de nós. Não importa onde seja, há sempre metalheads, e todos nós sentimos o mesmo acerca da nossa música. É uma paixão.


M.I. - Que diferenças entre este álbum e os álbuns anteriores os fãs podem esperar?

Como já tinha dito, estamos em constante mudança e sempre a misturar novas ideias e diferentes. Penso que este álbum tem alguns dos elementos mais controversos que já colocámos nas nossas músicas - num bom sentido. Colocando-me no ponto de vista dos fãs, eles vão encontrar mais um álbum de Amon Amarth, apenas isso. A produção é mais crua e pesada, algumas partes das composições são provavelmente mais old-school. Ainda é Amon Amarth a 100%, isso é certo.


M.I. - O artwork do vosso novo álbum, assim como de todos os outros é fantástico. Pensas que o artwork é algo muito importante para apresentar um álbum?

Para nós é fundamental, pois pensamos que as capas e a música são indissociáveis. Tudo tem de encaixar e funcionar em conjunto. É claro que quando se trata dos desenhos da capa há outro artista envolvido, e é preciso que respeitar também os seus desejos e aquilo que ele quer expressar. Geralmente damos orientações para o que queremos e damos-lhes liberdade para criar. Depois disso, falamos dos assuntos que achamos que deverão ser mudados. Mas desde que o que sentimos sobre o álbum esteja presente na capa ficamos satisfeitos.


M.I. - A Suécia tem uma das cenas de metal mais fortes da Europa, na qual os Amon Amarth são uma das bandas mais importantes. O que pensas do metal na Suécia na actualidade?

Realmente é difícil responder a isso. Por um lado, existem muitas bandas novas e promissoras que tocam bom Metal, mas não parecem ter grande notoriedade. Por outro lado, há realmente muito muitas bandas que se esforçam demasiado para “chegar lá". Isso é notório nas suas músicas, penso eu. Soa demasiado comercial. Realmente não consigo suportar a nova tendência do "pop-metal". Mas acho que não é exclusivo da Suécia, existe em todo o mundo.
Mas, como é evidente, o metal tem que evoluir e mudar. De outra forma iria morrer. Penso que a razão pela qual ele se tem mantido vivo todos estes anos - e até tenha crescido - é pelo facto de ter estado sempre em evolução.


Entrevista efectuada por Mário Rodrigues