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Entrevista aos Gates Of Hell


Falámos com o guitarrista Filipe Afonso dos Gates Of Hell, banda que lançou este ano o excelente EP "Shadows Of The Dark Ages", tendo esse trabalho como assunto principal. Descubram mais nesta entrevista sobre esta banda de Death/Thrash Metal contemporâneo, que muito promete pela qualidade e maturidade que já demonstrou no seu EP.

M.I. - Faz uma breve apresentação dos Gates Of Hell para quem ainda não vos conhece.

Somos uma banda do Porto, com cerca de dois anos, a nossa sonoridade ronda o Death/Thrash Metal. Aos comandos da voz está o Zé, o Afonso na Bateria, eu e o Pedro na guitarra e João no baixo. A nossa estreia em palco aconteceu em Novembro de 2008 no Altar Bar no Porto, e passado um ano e depois de muitos concertos decidimos passar pelos Svstudios e gravar com o produtor e grande amigo Paulo Lopes o nosso primeiro EP designado por “Shadows of The Dark Ages”. Este trabalho foi lançado em Março deste ano e desde então temos andado por aí pelos palcos do nosso país a distribuir a nossa música, contamos já com mais de quarenta concertos sempre com a consciência que ainda vamos no início da nossa caminhada…


M.I. - O vosso EP está potente. Foi vossa intenção fazer algo o mais poderoso possível no vosso primeiro registo de modo a surpreender o público? Ou tudo surgiu naturalmente?

Digamos que foi um pouco de ambas. Decidimos antes de mais avançar para os palcos e ganhar alguma consistência antes de gravar algo que nos definisse enquanto banda. Sempre achamos que o contacto da nossa música com o público é que nos mostra se realmente as coisas estão a ser bem feitas. Os concertos trouxeram-nos também mais coesão e experiência e fizeram com que todos nós tivéssemos a noção do material que queríamos escolher para o nosso primeiro trabalho a sério. Por outro lado também queríamos fazer algo que surpreendesse quem nunca tinha ouvido falar de nós e para que isso acontecesse tentamos trabalhar nos temas para que ficassem ao nosso gosto. O trabalho no estúdio ajudou a limar as últimas arestas modificando uns pormenores com a colaboração e opinião de todos. Fizemos tudo com tranquilidade e aos poucos fomos chegando ao produto final.


M.I. - Além de estar poderoso, notam-se boas ideias no mesmo e variedade de tema para tema, também fruto da mistura de subgéneros e influências no som que vocês praticam. Para que direcção a nível musical, vês os Gates Of Hell evoluírem?

Digamos que a particularidade de termos influências distintas nos podia ter prejudicado mas acabou por ajudar a chegar ao produto final contido no “Shadows of the Dark Ages”. Todos os elementos da banda têm influências e gostos musicais diferentes e ouvimos um pouco de cada estilo musical o que acaba por ser bom pois faz com que cada música que compomos seja um desafio pois há sempre ideias cruzadas e opiniões diferentes na altura de decidirmos o que é melhor para que a cada música fique o mais coesa possível. Neste momento e nas composições mais recentes estamos a optar por um estilo mais vincado no Death Metal nunca esquecendo as raízes e tentando sempre manter a vertente do Thrash. Não gostamos de forçar as coisas nem de nos prender a um estilo, no fundo gostamos de variar também para que a nossa música possa agradar a todos os elementos da banda.


M.I. - Conta-nos o porquê de terem convidado o Miguel Inglês e a Evy Fernandes para participarem no vosso EP?

Os convidados para o nosso primeiro trabalho foram decididos aquando da composição dos temas. O Miguel, foi escolhido porque para além de ser um vocalista excelente é umas das pessoas que nos viu emergir como banda, acompanhou a banda desde os primeiros concertos e tornou-se assim um grande amigo. A sua presença tem todo o sentido no nosso EP porque o mesmo já tinha feito dueto diversas vezes com o Zé em concertos com Equaleft. Desde o inicio tínhamos a ideia de incluir uma voz feminina numa das nossas músicas tendo sida escolhida a Evy, por ser conhecida de alguns elementos da banda. Ficamos bastante satisfeitos com a prestação de ambos pois resultou conforme queríamos e foi um prazer trabalhar com eles.


M.I. - Pensam convidar outros músicos em futuros trabalhos?

Trabalhar com músicos de outras bandas é sempre uma experiência agradável, aprendemos com eles e ouvimos opiniões acerca das nossas músicas de alguém que está de fora, o que é sempre bastante positivo. Principalmente quando passamos semanas em estúdio a ouvir as mesmas músicas. Como gostamos de novas experiências não deixamos de lado a hipótese de isso acontecer num futuro trabalho, contudo para já não temos nenhuma participação em vista, mas quem sabe quando terminarmos de compôr todo o material exista uma música que tenha algo a ganhar com um convidado.


M.I. - Depois deste óptimo EP, sentem-se preparados para trabalhar e lançar em breve o vosso álbum de estreia? Ou ainda é prematuro pensar nisso?

Já andamos a trabalhar e a compôr material para um futuro trabalho. De qualquer forma ainda é prematuro falar em datas para o mesmo. Estamos a preparar o material para depois analisar calmamente e pensar no que faremos com ele pois sem qualquer pressão trabalha-se melhor e com mais lucidez. É um grande objectivo mas necessitamos de amadurecer as ideias para conseguirmos chegar a um álbum que corresponda às nossas expectativas. Talvez sensivelmente dentro de um ano será uma boa altura para pensarmos em entrar em estúdio para trabalhar no nosso primeiro álbum.


M.I. - Na altura em que quiserem lançar o vosso primeiro longa duração, vão procurar editora nacional ou mesmo internacional para editá-lo?

Esse também é um dos objectivos da banda aquando da realização do primeiro álbum. Conseguirmos a atenção de uma editora seja nacional ou internacional é sempre positivo para a divulgação e promoção do nosso trabalho. Se fosse possível gostávamos inicialmente de promover ainda mais o nosso trabalho em Portugal e por esse motivo preferíamos trabalhar com editoras nacionais. Em todo o caso, para já não é isso que nos move, pois neste momento estamos decididos a trabalhar para conseguir um trabalho que nos represente da melhor maneira e que nos desafie quando entrarmos em estúdio.


M.I. - Quais foram os músicos que te inspiraram para começares a tocar guitarra e formares uma banda?

Tive várias influências desde início tal como ainda hoje tenho, gosto de ouvir um pouco de tudo e por isso é natural que cada músico me influencie de determinada forma. Posso referir individualidades como Dimebag Darrel dos Pantera, Joe Satriani, Zakk Wilde dos Black Label Society e Slash dos Gun’s and Roses, entre muitos outros que influenciam quem os ouve pelo carisma que os acompanha. Digamos que são quase sempre as figuras míticas que nos dão vontade de fazer igual e nos fazem desenvolver o gosto por determinado instrumento. O facto do Pedro, meu irmão tocar guitarra e fazer parte da minha banda ajudou bastante e acabou por ser fundamental para desenvolver ainda mais o gosto pela guitarra pois acabamos por trocar ideias um com o outro e de incentivar à evolução. Uma das razões que me levou a pensar em formar uma banda foi o facto de pudermos criar em conjunto algo original que outras pessoas possam gostar de ouvir.


M.I. - Fala-nos um pouco acerca da digressão que os Gates Of Hell irão fazer por Portugal e Espanha em conjunto com os Equaleft, DropD e Chaos In Paradise.

A Equal Drop of Chaos in Hell Tour começou com uma pequena brincadeira entre membros das quatro bandas. Depois de uma pequena reunião decidimos organizar eventos conjuntos para pudermos promover o nosso trabalho e aliar a amizade à boa disposição para proporcionar bons concertos, bom convívio e bons momentos por onde passamos. Estamos neste momento a agendar os eventos, o primeiro concerto da tour está já agendado para o dia 23 de Outubro no Side B, em Benavente. Estamos bastante ansiosos por esse concerto pois será o primeiro da tour, o nosso primeiro em Santarém e também porque temos boas referências do local.


M.I. - O que pensas da nova geração de bandas que têm aparecido em Portugal nos últimos anos e da qual os Gates Of Hell fazem parte?

É uma geração boa, competente e acima de tudo lutadora. Na minha opinião o “underground” é uma mais valia à cultura musical de todos nós. Quem não a ouve fica notoriamente mais inculto mas o que é certo é que o metal continua a ser um estilo que é desvalorizado por muita gente cá em Portugal. Penso que esta nova geração de bandas vai mudar esse pensamento pois cada vez se apresentam melhores trabalhos e cada vez mais aparecem excelentes músicos com força de vontade imensa para fazer com que essa mentalidade seja modificada. Existem bandas extremamente competentes no nosso país e que não têm possibilidades de fazer uma promoção e um marketing mais agressivo por questões financeiras. De qualquer forma a palavra de ordem é a esperança e penso que se as bandas continuarem a trabalhar em prol de um objectivo o seu esforço será mais tarde ou mais cedo reconhecido. Não nos podemos esquecer que o metal não é propriamente um estilo rentável em Portugal mas à que lutar e procurar mercados que valorizem a qualidade.



Entrevista por Mário Rodrigues