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Entrevista aos Orphaned Land


Os Israelitas Orphaned Land lançaram no início deste ano mais uma obra prima intitulada "The Never Ending Way of ORwarriOR", que sucede assim assim ao fantástico "Mabool: The Story Of Three Sons Of Seven" editado já em 2004. Por isso escolhemos a banda para a primeira entrevista internacional da Metal Imperium. Tivemos o prazer de falar com o guitarrista Matti Svatizky.

M.I. -Os Orphaned Land demoraram cinco anos a compor este grandioso álbum. Pensas que seria difícil compor um álbum assim tão bom, com tantos detalhes e diversidade em menos tempo?

Muito obrigado pelo elogio, é óptimo teres gostado do álbum. A resposta a esta pergunta é difícil, porque nunca tentámos. Eu acho que teoricamente é possível. Se tivéssemos trabalhado mais intensamente no último álbum, dedicando mais horas de trabalho nele, isso teria sido possível, mas infelizmente tivemos que colocar o tempo noutras coisas (família, trabalho, questões pessoais) e o trabalho não foi tão intensivo. Espero que desta vez possamos lançar um bom álbum em menos tempo.


M.I. - Suponho que tenhas muito orgulho em todos os trabalhos que a banda lançou, mas este é o álbum em que te sentes mais realizado com o resultado final?

Eu penso que o último álbum (The neverending way of Orwarrior) é o melhor trabalho dos Orphaned Land até à data. Tudo o que temos feito até agora é bom, e talvez hajam pessoas que possam gostar mais de outros álbuns do que deste, e eu entendo porque, cada álbum é único na sua forma, mas neste álbum fizemos tudo para o som ficar perfeito, e eu penso que a produção foi muito profissional e também a música e a composição.


M.I. - É bastante compensador que depois de terem estado estes anos a compor o vosso novo álbum e de agora olhares para as críticas ao mesmo na imprensa e veres que este é aclamado por grande parte da imprensa e pelos vossos fãs, certo?

A reacção dos fãs foi muito boa. As pessoas reconhecem todos os problemas que passamos para lançar o álbum e reagem muito bem a este. Pela reacção dos fãs definitivamente valeu a pena todo o trabalho que nós tivemos no álbum.


M.I. - Steven Wilson foi uma grande escolha para a produção do vosso álbum e além disso fez um grande trabalho nas teclas. É uma colaboração para continuar no próximo trabalho?

Na verdade, Steven não produziu o álbum, apenas o misturou. Ele devia te-lo produzido, mas houve alguns problemas e isso não aconteceu. Steven é um homem muito talentoso e um bom amigo nosso, nós somos grandes fãs do seu trabalho e esperamos ter a hipótese de trabalhar com ele novamente no futuro.


M.I. - Por falar em novo trabalho.. Pensas que a banda irá demorar o mesmo tempo que demorou a compor este trabalho ou esta vez o processo será mais rápido? Pessoalmente não me importo que demorem alguns anos e depois lancem álbuns fantásticos como este e "Mabool" (risos)..

Muito obrigado. Espero que da próxima vez possamos colocar mais energia nisso e o lançamento do próximo álbum possa assim ser mais rápido. Nós podemos "levar o nosso tempo" e trabalhar mais lentamente, mas o problema é que as pessoas tendem a esquecer, esquecer-te muito depressa. Existe um período de "tempo ideal" para uma banda lançar álbuns que é mais eficaz para o trabalho de uma banda, porque nem todos são iguais e as pessoas que esperam demasiado podem eventualmente cansar-se. Queremos evitar isso e manter o nosso público satisfeito. Esperamos que a qualidade não seja afectada, mas nós com certeza iremos tentar lançar o próximo álbum mais cedo.


M.I. - Pensas que o facto de tu e outros três membros da banda estarem juntos desde o início da banda, contribui de forma decisiva para a vossa coerência a nível sonoro e para a qualidade dos vossos álbuns?

Eu penso que teve um efeito. Nós conhecemo-nos muito bem agora. Tocamos juntos há 18 anos e agora passámos semanas e meses na estrada juntos. Sabemos as personalidades de cada um, os nossos pontos fracos e fortes, e aprendemos a ser mais pacientes uns com os outros, porque é importante que todos fiquem satisfeitos no final do dia.


M.I. -Shlomit Levi cantou em algumas músicas do álbum e já tinha cantado convosco em "Mabool" e com a sua excelente e exótica voz é de facto uma mais valia para as respectivas músicas. Ela é Iemenita, como a conheceram?

Na verdade, ela nasceu em Israel, como o resto da banda, mas sua família tem raízes no Iémen. Shlomit é uma grande cantora. Conhecemo-la quando gravamos a cover "Mercy" dos Paradise Lost, acho que foi em 1996. O nosso técnico de som mostrou-nos algo dela para ouvir, e vimos que era perfeita para nós. Ela está connosco desde então, e canta nos nossos álbuns e nos concertos em Israel. Agora é impossível trazê-la connosco para tours e concertos no estrangeiro porque ela tem uma menina pequena e tem que ficar em casa e cuidar dela, mas no futuro esperamos que ela possa vir connosco.


M.I. -Tendo a vossa música bastante conteúdo e mensagem em termos líricos, preferes que os vossos fãs apreciem tanto a vossa música como a mensagem, ou não te importas com todos aqueles que apreciam os Orphaned Land simplesmente pela vossa sonoridade?

Nós colocamos muita energia a escrever a música, por isso eu não me importo se as pessoas gostem apenas por causa de como soa. Quando eu ouço música, às vezes aprecio por causa da música e não pela letra, como quando ouço uma bela canção em Francês ou em Espanhol, mesmo que eu não entenda uma palavra, a música soa bem. Penso que compreender as letras e o que elas te dizem constitui um elemento extra numa canção, e quando as entenderes a única pessoa que irá beneficiar delas serás tu.


M.I. - Em Portugal muitas bandas queixam-se - e com razão - das dificuldades e falam dos sacrifícios que têm de fazer para manter Os seus projectos activos. Ter uma banda no Médio Oriente deve ser muito difícil também... Conta-nos um pouco das dificuldades que sentiram/sentem no vosso país para manterem-se activos durante já 19 anos de carreira.

É difícil ser-se músico em Israel, especialmente quando são bandas que tocam Metal, ou música que é destinada ao mercado internacional em geral. Mesmo que toquem música em Hebraico que seja destinada ao mercado local e são considerados um sucesso, aqui não fazem muito dinheiro, porque é um mercado muito pequeno (7 milhões de pessoas em Israel). Não é como na Europa ou os E.U.A., quando uma banda pode entrar num autocarro ou num comboio e ir tocar num país vizinho ou noutro estado. Israel está cercado por países como o Egipto, Jordânia, Líbano e Síria, países que não são democráticos e que o Metal e música "ocidental" em geral, não é recebida de braços abertos. Então, para tocar no exterior, as bandas tem que voar para a Europa, e esses vôos não são baratos, e num ano uma banda pode ficar sem dinheiro por causa das despesas.


M.I. - Sei que vocês continuam a viver em Israel. Há bandas que saem dos seus países para outros com mais expressão a nível musical para poderem almejar ter mais sucesso e estarem no centro de tudo. Nunca pensaram sair de Israel?

Isso passa pelas nossas cabeças ocasionalmente, mas eu não acho que seja praticável. As nossas famílias vivem aqui e será muito difícil deixá-los. Nós não dizemos não a nada, se uma boa proposta vier podemos aceita-la, mas será muito difícil começar tudo num novo país e, além disso, Israel é um país muito porreiro, deverias visita-lo.


M.I. - Além dos Orphaned Land, conheço algumas bandas de Israel como Salem, Melechesh, Amaseffer, Distorted, Betzefer e The Fading e gosto bastante de algumas delas. O que achas destas bandas e como está o metal no vosso país?

As bandas que mencionaste são fantásticas, e o Metal está muito desenvolvido em Israel. Os Orphaned Land percorrem muito o mundo tocam em muitos festivais, e eu acho que as bandas Israelitas são pelo menos tão boas como algumas bandas que eu vi tocar em festivais internacionais e bandas que fazem digressões. Penso que as bandas de Israel merecem uma oportunidade, e se trabalharem bem, vão encontrar o seu caminho para o sucesso internacional.




Entrevista por Mário Rodrigues