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Entrevista aos Mindlock


Entrevistámos o vocalista dos Mindlock, reconhecida banda nacional que se apresenta mais forte do que nunca com o seu novo álbum "Enemy Of Silence", sucessor do bem sucedido "Ego Trip" de 2003. Carlos Vilhena falou-nos da actualidade da banda, das ambições do grupo, da possível internacionalização e muito mais.


M.I. - Os Mindlock já contam com vários anos de carreira. Podes contar-nos quais foram a teu ver os momentos altos do percurso da banda?

Tivemos muitos bons momentos que esperamos vir a ter outra vez, ou melhor ainda. Tivemos o prazer de tocar e conhecer bandas como Dimmu Borgir, Slipknot, Behemoth, Moonspel e outros mais. O concerto na Ilha do Ermal no ano de 2002 foi um que os Mindlock não vão esquecer nunca. Foi muito bom sentir que uma banda underground Portuguesa estava de igual para igual no mesmo palco que gigantes da música a nível mundial. Sei que quem lá esteve nesse dia nunca mais vai esquecer como foi.


M.I. - Sete anos separam o vosso primeiro longa duração "Ego Trip" do novo álbum "Enemy Of Silence". A que se deveu esse tempo de espera?

Foi uma caminhada difícil e nunca estivemos realmente parados. Muita gente não se apercebe das dificuldades que as bandas nacionais passam para se conseguirem manter activas. Passámos por muitas dificuldades, desde a saída do baterista que era um dos membros fundadores da banda, aos problemas com a anterior editora e respectivo manager, até a derrocada do nosso sitio de ensaio. Muita gente não sabe, mas já tínhamos um álbum pronto para gravar em 2007 e tivemos de jogar para o lixo devido à saída do baterista. Foram tempos difíceis que tivemos de encarar de cabeça erguida.
Levamos algum tempo até arranjar um baterista à altura do que pretendíamos fazer com a banda. Tivemos de recomeçar do zero e voltar a compor músicas novas. Tudo isto deu-nos mais força para continuar o nosso caminho.


M.I. - Como surgiu a oportunidade de lançarem o novo álbum pela Rastilho Metal Records, nova divisão da Rastilho Records?

A Rastilho foi a nossa primeira aposta para a edição deste álbum, logo, ficámos muito satisfeitos com o feedback que tivemos. O facto de “Enemy Of Silence” inaugurar a Rastilho Metal Records foi uma surpresa para nós e algo que acolhemos com muita satisfação. É sempre bom ter o reconhecimento do nosso trabalho, e pela primeira vez em 15 anos conseguimos o apoio de uma editora de renome em que, de certa forma, nos revemos, pois acompanhámos a sua evolução e sabemos que batalhou muito para chegar ao nível em que se encontra. Por esse motivo sentimo-nos compreendidos e também respeitados pela Rastilho. É uma editora em que acreditamos e que está bem por dentro da realidade nacional a nível do mercado musical em que nos inserimos.


M.I. - Pretendem com este álbum reafirmar a vossa qualidade já demonstrada no metal nacional e mesmo levar o nome dos Mindlock a um patamar mais elevado?

Temos sempre a preocupação em fazer as coisas com alguma qualidade, este novo álbum foi a evolução e realização dos planos que tínhamos em mente. Queremos ir mais além com este novo trabalho, levamos a música muito a sério e espero que a nossa persistência seja recompensada de alguma maneira.


M.I. - Sei que o vosso novo CD também irá ser lançado no estrangeiro em Setembro. Irá ser editado em que países?

Ainda não posso adiantar muito sobre isso. Para ser sincero ainda nem sei de nada a esse respeito.
A editora está a promover o nosso CD em alguns países através dos "media" onde inicialmente vão sair algumas reviews do nosso novo trabalho. Sei também que o CD será distribuído em alguns desses países.
A rastilho é a nossa editora em Portugal e estamos muito contentes, mas se conseguirmos editar o CD a nível Europeu ou a nível Mundial, isso seria óptimo e estamos sempre abertos a propostas.


M.I. - Quais são as vossas expectativas para essa edição internacional do álbum?

Se acontecer será excelente. Acho que é o sonho de qualquer músico é ver o resultado do seu trabalho chegar aos ouvidos de mais gente possível. Se já conseguimos em Portugal, o próximo passo, é dar a conhecer a nossa musica a nível internacional.


M.I. - O vosso primeiro concerto da digressão de apresentação de "Enemy Of Silence" decorreu no Metal GDL. Como correu?

No festival GDL só tocámos músicas novas e a resposta do público foi bastante positiva. Reparámos que muita gente já sabe as músicas novas de cor e interagiram connosco. A reacção do público não podia ser melhor. Sentimos que, mesmo sem tocarmos ao vivo há mais de um ano e sem gravar nada há sete, as pessoas ainda tem bem gravado na mente como é um concerto de Mindlock e apoiaram-nos com a mesma intensidade. Os novos temas ganham força-extra ao vivo, tal como é habitual naquilo que fizemos até à data. É um prazer muito maior poder tocar para os outros que só para nós e acreditamos que o público nos prefira ver ao vivo que ficar a ouvir em casa.


M.I. - Devem estar ansiosos por tocar as novas músicas ao vivo com regularidade e mostrar o vosso trabalho ao público, certo?

Sim claro. Queremos por à prova todo o nosso trabalho e ver a reacção do público às músicas.
É gratificante ver como as pessoas correspondem aos nossos concertos, muitas das vezes brindando-nos com doses excessivas de euforia. A banda vive para esses momentos, e o apoio do público é a recompensa por todo o nosso trabalho.


M.I. - Este álbum é o vosso terceiro trabalho, contando com o EP "Manifesto". "Enemy Of Silence é o trabalho com o qual se sentem mais satisfeitos?

Este trabalho é a nossa última criação, é claro que é o que mais gostamos. Não podemos deixar de olhar para trás e ver os outros álbuns como algo que estava à altura de muita coisa que se fazia a nível nacional. Este é um álbum actual, e quem sabe daqui a 10 anos já não soe ao mesmo que agora. Esperemos que nessa altura os Mindlock já tenham algo para derrotar o "Enemy Of Silence".


M.I. - O novo álbum é mais potente e rápido do que o anterior mas mantêm o groove que caracterizou o som dos Mindlock no passado. Foi propositado este acréscimo de peso e velocidade nos vossos temas, ou foi algo que surgiu naturalmente?

Amadurecemos muito como músicos e como pessoas desde o nosso primeiro lançamento. Já nos conhecemos muito bem dentro e fora da sala de ensaio e sabemos até onde cada um pode chegar a nível técnico e o que tem para dar a nível criativo.
Então, em “Enemy Of Silence”, decidimos sair do nosso ponto de conforto onde poderíamos ter feito um disco à imagem daquilo que tínhamos feito anteriormente, mas optámos por outra via. As batidas são mais rápidas, os riffs mais agressivos, o groove mais tenso e a mensagem mais directa e real. É um disco muito mais agressivo que os anteriores mas mais maduro. Achamos que conseguimos alcançar maior coesão e coerência ao nível de composição e da mensagem que queremos transmitir. É um disco com uma sonoridade mais dura criando mais momentos de tensão, sem desfazer a melodia e alguns momentos mais atmosféricos.


M.I. - Já tive a oportunidade de assistir a um concerto vosso no Festival e deu para ver que são uma banda forte ao vivo. É ao vivo que os Mindlock se sentem melhor?

Posso dizer com certeza que maior parte das memórias da banda e das pessoas que a conhecem foram de concertos ao vivo. Fizemos muitos amigos e isso ninguém nos tira. Apoiam-nos sempre nos bons e maus momentos. Gostamos muito de tocar ao vivo e damos 110% em todos os concertos. Não poderia ser diferente, esta banda nasceu dos concertos, é em cima do palco que gostamos de estar.


M.I. - Os Mindlock já atingiram a maior parte dos seus objectivos ou ainda têm muito caminho a percorrer para se sentirem completamente realizados?

Nunca nos sentimos limitados, muito pelo contrário, sentimos que como músicos podemos experimentar todo o tipo de sonoridades dentro do nosso estilo de música, há muito por onde podemos pegar. Temos muitos planos para a banda e queremos pô-los todos em prática, não nos queremos encostar ao que já fizemos até agora porque isso seria parar no tempo.


M.I. - Para finalizar esta entrevista, queres deixar uma mensagem para os leitores da Metal Imperium, aos vossos seguidores e também a quem ainda não conhece o trabalho dos Mindlock?

Os Mindlock estão aqui para ficar, gostava que olhassem mais para as bandas nacionais e as apoiassem mais ainda. Este novo álbum é a prova viva de que com pouco se pode fazer muito. Todas as mensagens de apoio e incentivo são sempre consideradas um prémio para as bandas. Não estamos aqui para ser ricos nem para impingir nada a ninguém, só queremos fazer boa música e passar bons momentos, quer em estúdio ou a tocar ao vivo. Agradeço à Metal Imperium por todo o apoio e desafio todos os que leram esta entrevista a aparecer num concerto para fazermos a festa e sentir a força do "Enemy Of Silence".




Entrevista por Mário Rodrigues