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Entrevista aos Factory Of Dreams


Factory Of Dreams é o nome do projecto Luso-Sueco formado por Hugo Flores e Jessica Letho. Lançaram no passado ano de 2009 o seu segundo álbum de originais e encontram-se a trabalhar já no seu terceiro. Entrevistámos Hugo Flores, a mente por detrás do projecto, que nos fez revelações exclusivas acerca do novo álbum de originais.

M.I. - Porquê a escolha de «Factory Of Dreams» para nomear o projecto?

Está relacionado com o primeiro álbum que fala acerca de uma fábrica de sonhos, uma metáfora para um mundo onde se vendem sonhos e dificilmente são concretizados. Soa a familiar acho eu [risos]! Mas o objectivo do nome para representar o projecto assume também uma vertente diferente e algo mágica. Penso que traduz bem o género de música que faço neste projecto, um género etéreo e ao mesmo tempo muito forte com guitarras assumidamente agressivas.


M.I. - Uma vez que tu estás a viver em Portugal e a Jessica está na Suécia, as composições e gravações dos álbuns tornam-se difíceis ou contornam bem essa questão?

Exacto, diria que até acabam por ser mais fáceis, pois ambos temos estúdios pessoais e gravamos sempre e quando nos apetece, sem qualquer pressão de tempo ou essas tretas. Aliás, não trabalho sob pressão, não existe para mim essa imposição. A única coisa que se torna mais complicada é talvez a transmissão de ideais, ou seja, se eu quiser dar uma ideia de uma melodia vocal à Jess, seria bem mais fácil estar perto dela, mas isso também se contorna. Enquanto eu trabalho nas músicas ela revê as suas partes vocais, adapta letras e grava, e depois vamos trocando material e eu vou misturando e enviando actualizações para ela ouvir.


M.I. - Porquê a escolha da Jessica para vocalista?

Porque tem uma bela voz que alia um sentido de Opera ao Pop/Rock, e tem um timbre suave e quente. Mais do que isso porque tem imensa facilidade em criar melodias, consegue ela própria gravar, tem grande talento e porque é muito simpática e uma boa amiga. Não consigo trabalhar com gente que impõe cenas e que tenha o Rei na barriga. Tem de ser uma pessoa simples e acessível e a Jess reúne tudo isso. Ainda ouvi diversas vocalistas, incluindo Portuguesas, mas no global ninguém possuía as qualidades necessárias para algo como Factory.


M.I. - O que é feito dos teus outros projectos: Project Creation, Sonic Pulsar e Atlantis?

Project Creation vai ter um terceiro cd, que será feito em paralelo ou após este terceiro Factory. Tenho mesmo de concluir a historia que iniciei com o primeiro Floating World e concluí-la, ou pelo menos concluir esta Season I. Sonic Pulsar terminou e os temas desta banda devem ser incluídos em Project Creation, e é o que faz sentido pois PC é uma evolução de Sonic. Atlantis foi apenas o meu primeiro álbum mais a sério digamos assim e saiu em nome pessoal mesmo.


M.I. - Estás a pensar em fazer algo com estes num futuro próximo ou por agora estás mais centrado em Factory Of Dreams?

Sim, mais atarefado com Factory porque me dá um grande gozo em trabalhar neste género musical. Como referi Project vai ter a conclusão desta série com o terceiro cd. Tinha um conceito já pré-escrito para outro Sonic Pulsar, mas deverá ser incorporado num outro projecto ou mesmo Project Creation, mas numa série à parte. Seria fixe. Tinha um projecto de nome Dimensions, mas até hoje não tive criatividade ou vontade…não é bem isso, é mais ‘as músicas não me seduziram o suficiente’ para o levar avante, mas tenho aproveitado letras desse projecto para este Factory em que estou a trabalhar.


M.I. - Já passou algum tempo aquando do lançamento de «Strage Utopia». Como têm sido as reacções ao mesmo?

Da parte dos fãs e de quem já seguia os meus trabalhos anteriores, as reacções são excelentes. As rádios que já me apoiavam com Project Creation também o fazem com Factory. Factory tem o dom de conseguir cativar mais fãs, pois a musica é talvez mais apelativa que nos outros projectos, mas menos complexa. São projectos diferentes. No caso das críticas oficiais a maioria são óptimas depois temos aquela percentagem dos que atribuem notas médias e algumas menos boas, mas isto é como tudo e temos de estar preparados para ouvir coisas boas e más, faz parte do biz. Às vezes noto que falta trabalho de casa de alguns críticos, e isso percebe-se quando se lê uma review com apenas 1 pequeno parágrafo por exemplo… não me parece justo para um trabalho que demora 2 anos a fazer, ou perto... é como os mp3s e os downloads, descartáveis; ouve-se e vai para o lixo...grande respeito para quem dedica parte da vida à música.. mas já divago ;)


M.I. - Já alguma vez te deu vontade de contratar vários músicos e ir para a estrada com os Factory Of Dreams?

Já, muitas vezes mesmo, e nunca se sabe. Apesar de Factory estar concentrado mais na composição e gravação em estúdio, artwork, vídeos. O projecto funciona assim.


M.I. - O que te inspira para compor?

Os próprios sons e instrumentos que eu escolho e manipulo inspiram-me, daí eu estar sempre à procura de novidades no mercado a esse nível. Basta eu sentar-me uma hora no estúdio, abstrair-me do resto e estar ali naquele mundo meu e começar a tocar. É transcendente por vezes. As ideias surgem automaticamente e consigo logo iniciar novas composições e ver a big picture de uma faixa. São de facto momentos inspiradores e provavelmente o que mais gosto de fazer em todo o processo de composição, a descoberta de novas melodias que me fazem sentir algo. Mas também gosto da fase de misturar voz e guitarras, e ouvir todo aquele power em conjunto!


M.I. - Dentro do Rock/Metal Progressivo, quais os artistas que mais admiras?

Vários, Rush, Devin Townsend, Dream Theater, Steve Vai, enfim entre outros. Ultimamente o Devin tem-se mostrado de uma criatividade enorme.


M.I. - Os teus trabalhos dividem opiniões: uns adoram, outros simplesmente acham complexo demais. Sentes que para muitos a tua música por vezes torna-se difícil de compreender?

Não sei, talvez...depende das faixas. O problema é que as pessoas ouvem apenas o que as rádios e TV lhes dão de bandeja e normalmente são coisas comerciais e de fácil audição; são produtos que tentam instaurar modas, tendências... sem que as pessoas questionem os conteúdos, sem grande procura pelo porquê de existir determinada banda ou música. Hoje em dia com a Net é só procurar e ouvir o que dá de facto gozo às pessoas, por isso façam-no e procurem o género de música que gostam. Quando oferecemos algo de novo, e original parece que o publico tem dificuldade a aceitar ou absorver, mas isso faz parte de nós, aceitarmos o que é diferente ou original. É como no cinema, coisas inovadoras e que não sejam de compreensão imediata são mal recebidas, mas começam a entrar passado algum tempo. Por vezes tornam-se filme de culto. Agora, a musica de Factory não é experimental, aliás Factory tem faixas de fácil audição como a Sonic Sensations, a The Weight of the World e outras. Julgo que se o álbum for escutado na integra e com calma facilmente entrará no ouvido. Também tenho de reconhecer que por vezes o que é simples, também é bom, claro, desde que transmita algo.


M.I. - Já começaste a compor novos temas para o sucessor de "A Strange Utopia". Como tem corrido esse processo?

Estou mesmo muito entusiasmado com este novo cd. As gravações correm bem nas partes instrumentais, e agora falta passar à voz e terminar as restantes letras.


M.I. - Podes adiantar algo sobre o mesmo?

Ao se ouvir os álbuns de Factory, e estou já a contar com este terceiro, existe sempre um fio condutor e algo no som que nos diz que de facto é Factory of Dreams. Estou a falar da parte instrumental, esquecendo a voz da Jessica que obviamente é uma marca de Factory. Poles era metal atmosférico, com uma secção rítmica simples e uma abordagem mais directa e espontânea. A Strange Utopia pega em Poles e dá-lhe um toque de Project Creation. Muita cor e géneros distintos. Progressivo. Este novo irá voltar aos tempos do Poles e o som identifica-se muito mais com o cd Poles, aliás algumas faixas terão uma ligação quase directa com esse álbum. Posso adiantar que será o álbum mais forte que alguma vez fiz, com um som coeso e potente sobretudo na simbiose entre as baterias brutais e as guitarras altamente distorcidas. O tema será a simbiose entre o mundo subatómico, electrónico e a natureza. Teremos potentes pulsares robóticos, uma guitarra algo inovadora para mim bem como amplificação renovada e também ela inovadora. As músicas vão ser mais simples que no último álbum, mas não tão simples como Poles. Terá a sua componente prog como é habitual em mim. E vamos ter uma surpresa muito especial neste álbum, e aproveito esta entrevista para dizer que os fãs de Project Creation e mesmo dos primeiros tempos de Forgotten Suns vão ter o prazer de ouvir o Tiago 'Linx' ao longo deste álbum em conjunto com a Jessica em alguns temas! Estou mesmo muito entusiasmado, e o som está brutal. Mas ainda é cedo e temos imenso trabalho pela frente nas gravações vocais, misturas e letras. Vamos a isso!!


M.I. - Esta é uma pergunta inevitável: Tens formação musical ou és auto-didacta?

Tenho alguma formação em piano, guitarra e música em geral. Não tenho curso superior em música, portanto diria que sou sobretudo auto-didacta.


M.I. - Em jeito de conclusão, queres deixar alguma mensagem aos nossos leitores e aos fãs de Factory Of Dreams?

Não há muitos projectos Portugueses a vingaram internacionalmente, por isso convido-vos a ouvirem e a darem todo o apoio, pois precisamos mesmo disso, seja a tornarem-se nossos fãs nas páginas oficiais, mas sobretudo na divulgação em blogs, forúns, onde puderem! Temos páginas no myspace e reverbnation com perto de 100.000 seguidores, e no facebook e twitter podem acompanhar as actualizações das gravações ou até falarem comigo ou com a Jessica e colocar as questões que quiserem, sugerir cenas, etc. São sempre bem-vindos e daremos sempre respostas. E claro, comprem os álbuns. Só podemos continuar a fazer musica se vendermos, agora se forem 'sacar' à net, para além de ilegal estão a condenar-nos. Acima de tudo espero que gostem e que vejam também os nossos videoclips, uma produção cara mas da qual estamos muito orgulhosos.





Entrevista por Diana Fernandes