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Entrevista aos Oblique Rain


Entrevistámos Flávio Silva, vocalista/guitarrista dos Oblique Rain. A banda lançou em Outubro do ano transacto "October Dawn", um dos grandes álbuns do Metal Nacional de 2009 e que teve excelentes criticas por parte da imprensa Nacional e Internacional, tendo mesmo sido considerado aqui na Metal Imperium o álbum do ano a nível interno...


M.I. - Boas Flávio. Para quem não vos conhece, desvenda um pouco da vossa história...

Basicamente OR começou através de dois amigos que tinham terminado as suas participações em duas bandas diferentes. Eu e o César Teixeira temos precisamente o mesmo background de crescimento, crescemos e vivemos na mesma localidade e sempre tivemos a ambição de criar algo em conjunto, o facto de estar em 2004 “desempregados” de bandas na altura possibilitou o facto de nos podermos juntar para ir compondo alguns temas. Passamos primeiramente por uma fase de banda mas como muita coisa na vida que é de difícil gestação essa formação inicial não resultou levando-nos a dedicar todo o nosso tempo exclusivamente à composição daquele que viria a ser o Isohyet. Depois de algum reconhecimento através do myspace partimos para a consulta de músicos que nos podessem acompanhar e finalmente concretizar a ambição de poder tocar ao vivo aquilo que tínhamos produzido até então, actualmente a formação enquanto banda está definitivamente estabilizada e podemos trabalhar de forma mais proveitosa, como foi por exemplo a criação do October Dawn.


M.I. - Pelo que tenho observado, têm actuado pouco para promover o vosso novo álbum. A que se deve esse facto?

OR sempre foi mais um projecto de criação musical do que propriamente um projecto de execução ao vivo, o facto de todos nós termos vidas profissionais bastante ocupadas não nos permite que possamos tocar muito. Apenas para uma melhor clarificação o César é director geral de uma empresa, eu sou músico de uma orquestra, o André é professor de musica, o Guilherme desenvolve um projecto musical em barcos de cruzeiro no rio Douro e o Marcelo é estudante na Esmae, tudo isso junto deixa muito pouco tempo disponível para apresentações ao vivo. Sempre considerei OR como um projecto 70% de estúdio e 30% ao vivo, mas ainda este ano iremos apresentar ao vivo o nosso trabalho em sítios de relevo e com bastante visibilidade.


M.I. - A meu ver "October Dawn" é um dos melhores trabalhos Nacionais dos últimos tempos. Como é que a imprensa e o público o têm recebido?

O público delicia-nos com as apreciações que fazem ao álbum, claro que no género que “oferecemos” há sempre quem goste mais e outros menos, principalmente por o estilo ser mais genérico do que especifico. A imprensa tem-se revelado ao longo da nossa carreira bastante generosa com o nosso trabalho, e o October Dawn não foge a regra, as criticas tanto nacionais como internacionais têm sido excelentes e isso para um projecto muito pouco pretencioso como sempre fomos é um motivo de orgulho, afinal a nível internacional há mais um projecto nacional a merecer alguma atenção e isso deixa-nos bastante satisfeitos.


M.I. - O vosso álbum é bastante sólido, variado e de grande qualidade, sendo para mim quase impossível dizer ao certo qual o meu tema preferido. Para ti, quais os temas mais fortes do novo álbum?

Essa pergunta é frequentemente colocada em entrevistas mas será talvez a de mais difícil resposta, é quase como perguntar a um pai se gosta mais de um filho em relação ao outro! Mas pessoalmente há 4 temas que descrevem bem os diferentes estados de feelings porque passamos aquando da composição, começando pela mais importante, Darker Woods (tema que sem duvida alguma capta a verdadeira essência de OR), Spiral Dreams, Soul Circles e Out There.


M.I. - A escolha de Nuno Rodrigues no tema "Spiral Dreams" foi sem dúvida alguma uma mais valia. A que se deveu essa escolha?

Sempre tivemos uma grande relação de amizade com WAKO que consideramos uma banda gémea, isso aliado ao facto de considerarmos o Nuno como melhor vocalista de metal em Portugal foi fácil de juntar tudo e tê-lo connosco no álbum! A participação dele é um bónus sem dúvida.


M.I. - A teu ver quais são as principais diferenças entre "Isohyet" e "October Dawn"?

Eu continuo a achar que o Isohyet é um excelente álbum, sofre como é obvio dos problemas naturais de um primeiro trabalho, o October Dawn é por assim dizer como que a tentativa nossa de corrigir alguns “erros” do Isohyet. Isso aliado à maior experiencia e maturidade levou à criação de um álbum ainda mais maduro. No entanto não consigo pensar no October Dawn sem antes pensar como foi a sua génese …e essa génese é claramente o Isohyet, encaramos por assim dizer como um trabalho de continuidade, se puser a tocar os dois álbuns de seguida facilmente se percebe que em vez de 2 discos se ouve apenas um trabalho. Até pelas capas dos discos se percebe essa mesma continuidade!


M.I. - Sei que já se encontram a compor novo material para o novo álbum. Como está a correr e em que pé estão?

Nós no passado dia 6 de Fevereiro demos no Teatro Helena Sá e Costa no Porto um concerto registado em vídeo , que posteriormente será editado e onde já apresentamos uma pequena amostra do 3 album..um pequeno fragmento de um tema. Neste momento já temos cerca de 8 temas , mas que ainda estão a um nível de 30% de produção, posso adiantar que será um álbum conceptual e que provavelmente estará associado a um filme com vídeo e imagens, será um projecto moroso mas penso que irá surpreender!


M.I. - Como decorre o vosso processo de composição? As ideias fluem naturalmente ou as vossas músicas são algo muito pensado?

Todos nós temos diferentes processos de composição, eu sou bastante espontâneo, o César é mais pensador, o André e Guilherme bastante homogéneos na sua maneira de compor e o Marcelo é um talento rítmico mas que trás também muito boas ideias a nível harmónico e de produção. Actualmente temos composto bastante em conjunto e que é sem duvida um claro progresso em relação aos álbuns anteriores…claro que pensamos muito na música que fazemos mas não deixa também de ser um processo natural pois cada um de nós é muito fiel ao seu estilo de composição.


M.I. - És dono de uma grande voz. Há algum vocalista que tenha influenciado a tua maneira de cantar?

Antes de mais muito obrigado pelo elogio!! Sempre houveram influências naquilo que faço, mas as principais posso afirmar sem qualquer problema que são o David Gilmour e Kip Winger.


M.I. - Após terem lançado dois álbuns de grande qualidade, a internacionalização da banda passa-vos pela cabeça?

Essa internacionalização já acontece há algum tempo, agora ainda mais com a promoção que tivemos do último álbum. Mas se me perguntam se o próximo passo será tocar ao vivo lá fora eu respondo , sem duvida e esperamos a curto prazo.


M.I. - Como é ser músico em Portugal? Que dificuldades sentem?

Em Portugal é verdadeiramente difícil ser-se musico, cá não temos uma tradição nem mercado como existe noutros países, daí a nossa decisão de sermos mais um projecto de estúdio do que ao vivo, mas felizmente as mentes das pessoas começam a abrir com o aparecimento de uma nova geração de bandas e promotores que tentam quebrar o gelo. O facto de Portugal ser muito pequeno e estar num “canto” da Europa não ajuda, provavelmente pouco se espera de nós….tentaremos contribuir para mudar também isso!


M.I. - Satisfaz-me a curiosidade..Porquê a escolha do nome Oblique Rain? Tem algo a ver com a "Chuva Obliqua" de Fernando Pessoa Ortónimo?

Simplesmente tem tudo a ver com a “Chuva Obliqua” de Fernando Pessoa, o nome foi escolhido precisamente daí….é a tradução directa! …


M.I. - Gostarias de deixar uma última mensagem para os visitantes da Metal Imperium?

Que continuem a apreciar boa musica, que não desistam de fazer o melhor que puderem se tiverem uma banda e que pensem obliquamente!


M.I. - Flávio, deixa-me agradecer pela oportunidade de realizar esta entrevista. Desejo-vos também boa sorte para o vosso futuro e que nos continuem a brindar com grandes álbuns por bastante tempo.

Quem agradece pela oportunidade sou eu e tudo faremos por isso…. Stay Oblique!





Entrevista por Diana Fernandes