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Entrevista aos Thee Orakle


Com o lançamento do excelente "Metaphortime", os Thee Orakle demonstraram que são um nome a ter em conta no presente e a não perder de vista no futuro. 

"Metaphortime" é mesmo um álbum de grande qualidade, surgindo-nos com uma sonoridade bastante ecléctica, sendo um dos grandes destaques a nível nacional deste ano. Tivémos o prazer de entrevistar a simpática vocalista Micaela Cardoso, que nos revelou mais sobre o álbum de estreia e sobre a própria banda.


M.I. - Apesar de lançarem o vosso álbum de estreia neste presente ano, os Thee Orakle foram formados em 2004. Podes contar-nos um pouco da vossa história?

Os Thee Orakle eram nessa altura apenas um grupo de amigos que já tocava junto à cerca de 10 anos. Com variadas formações e nomes de bandas diversos, este grupo de músicos foi evoluindo de tal forma que sentiram necessidade de realmente dar maior ênfase ao seu trabalho e mostrar às pessoas o que se fazia por Trás-os-Montes. Depois de ter todos os músicos faltava convidar as vozes para a banda... Foi aí que depois de algumas "reuniões" (leia-se: noitadas) em Bragança (onde estudava na altura), eu fui convidada para visitar a sala de ensaios e mostrar o que sabia fazer; de igual forma escutei o que eles já tocavam e conheci o resto dos músicos! Acho que nunca mais faltei a um ensaio...excepto por motivo de doença ou força maior!(risos) Eu entrei para a banda em Março de 2005 e no dia 25 de Abril do mesmo ano fui gravar ao Porto a primeira música da maqueta. Foi tudo muito rápido desde então...


M.I. - Como têm sido as reacções ao vosso álbum de estreia "Metaphortime"?

As reacções dos ouvintes são realmente positivas. E quando falo positivas incluo de verdade as reacções/críticas construtivas que nos farão crescer e evoluir. Todas as críticas são bem recebidas e discutidas entre nós! Muitos dizem que Metaphortime é o álbum do ano, outros que é do melhor que ouviram nos últimos tempos, outros que é uma lufada de ar fresco, outros gostam mas preferem o nosso EP "Secret", outros dizem que precisamos de mais maturidade e alguns até que não é um estilo que lhes agrada! Etc... Mas todas estas opiniões e muitas outras são sem dúvida o que nos faz progredir.


M.I. - Para quem ainda não ouviu o vosso álbum, o que podes dizer acerca do mesmo? Como o descreverias?

Posso dizer que para mim o Metaphortime é como já referi acima, e concordando com quem o adjectivou assim, uma lufada de ar fresco... É um álbum que apesar de contar uma história obscura e algo difícil de assimilar, tem muitas ideias claras e corredores de ar em que está tudo muito bem orientado e em que se respira facilmente, não é um álbum claustrofóbico! Tentei,ao criar a estória, que os princípios básicos da Alquimia fossem entendidos como realmente eles são, na base mais humana e real da filosofia desta ciência que se pensa ter mais de oculto do que palpável! Descrevo Metaphortime como um álbum que deve fazer parte da discografia de qualquer admirador de um metal pensado e de emoções fortes!



M.I. - Os Thee Orakle criaram um álbum muito eclético. Foi algo pensado ou aconteceu naturalmente?


Obrigada pelo elogio...na minha opinião, apesar de suspeita, também acho que criamos um álbum ecléctico... Foi claramente algo pensado, sim, criei a estória aquando do início de criação das músicas e eles, os músicos, estavam a par de todo o enredo e a evolução deste processo decorreu de uma forma mais demorada do que o que pensamos ser um processo normal num álbum sem ser conceptual. Toda a ambiência das músicas, o seu instrumental apenas, foi pensado para encaixar com o tema da letra de cada capítulo. Pensamos que apesar de longe da perfeição, fizemos um bom trabalho!



M.I. - O que sentes ao ler as críticas ao vosso álbum?

As críticas feitas por revistas, webzines, fóruns, programas de rádio, ou até mesmo leitores que por hábito mantenham esse gosto de escrever sobre o que vão ouvindo, são sem dúvida uma mais valia para qualquer trabalho, projecto ou banda. No nosso caso, o Metaphortime foi muito bem recebido; temos cerca de 30 reviews oficiais, ou seja, das quais temos conhecimento, cerca de metade são estrangeiras e todas elas sem excepção realçam pontos positivos do álbum! É claro que existem comparações, é claro que por vezes custa ler algumas opiniões quando tens a certeza que aquilo que lês é ridículo ou infundado, mas no entanto isso tudo faz-nos crescer como banda! A nota média de classificação a Metaphortime de 0 a 10 foi até agora de 8 e isso para nós é extremamente importante! Para mim especialmente, é bom ler que gostam do meu trabalho mas se não o disserem, e referirem a banda num todo como boa e o álbum como um bom trabalho eu fico muito contente e preparada para continuar a dar o meu melhor, porque a banda tem 7 pessoas e não só uma!


M.I. - Pessoalmente penso que a tua delicada voz encaixa na perfeição com a voz do Pedro Silva. Quando é que se aperceberam que a junção das vossas vozes era perfeita para a banda?

Bem, isso da junção de vozes é obra de quem nos chamou para a banda!(risos) O Pedro entrou para a banda uns meses antes de mim...e era a primeira experiência dele como vocalista, comigo já não se passou o mesmo. Eu já canto à muitos anos, mas numa banda metal também foi a primeira vez... Eles convidaram-me...fui a um ensaio, deram-me umas letras que já existiam à séculos para eu ter o que dizer e tocaram...foi a primeira vez que ouvi a Queen of Creation (EP Secret) e foi a primeira vez que cantei a estrofe tal e qual como ela está gravada! O Pedro também encaixou logo a parte dele e sentimos ali que aquilo até ia correr bem. O resto dos músicos estava super contente porque tinham passado muito tempo atrás de vocalistas!


M.I. - Como compõem? Isto é, reúnem-se e as ideias fluem ou cada um trás a sua ideia para o estúdio e trabalham-na em conjunto?

Antes de mais, nós só possuímos uma sala de ensaio que transformamos em home-studio, com condições muito precárias!!(risos) Mas o processo de composição passa pelos guitarristas...actualmente mais o Ricardo, que já leva de casa as ideias e as desenvolve com o resto da malta aos poucos. É um processo em que dispensamos um ensaio por semana dependendo dos concertos que temos marcados.


M.I. - Sendo a banda formada por 7 elementos, cada um com personalidades e influências distintas, é fácil chegarem a um consenso na composição ou há momentos de 'discórdia' entre vós?

Num trabalho de equipa tem que haver discussão...senão não será uma democracia como são os Thee Orakle, mas sim uma ditadura em que há um líder. Não temos nada contra isso, mas nós optamos pela democracia e é claro que tal como na assembleia de deputados, uma reunião de banda ou o ensaio de composição tem discussões! (risos) Os momentos de discórdia são curtos e leves... Basta mudar um acorde ou cortar ali e juntar além que já soa melhor a todos e continua a harmonia! Mas é claro que as discussões existem e ainda bem!


M.I. - O que vos influência na composição das letras e quais os temas que abordam nas vossas músicas?

Como já referi acima...o álbum Metaphortime é um álbum conceptual, em que cada música é como um capítulo de uma estória criada por mim e em que o Pedro me ajudou a escrever algumas letras. Os temas do álbum abordam a Alquimia e a vida eterna de uma forma real mas espelhada acima de tudo no bom carácter humano e no bem! O amor ao próximo e o respeito pelo planeta...Princípios de humanidade, solidariedade, conhecimento, luta e coragem.


M.I. - O que podemos esperar do sucessor deste excelente "Metaphortime"? Trará novidades a nível musical ou será uma continuação deste álbum?

O sucessor deste álbum será algo que trará novidades musicais...não serão novidades por serem algo nunca feito, porque para mim já está tudo inventado, mas mais uma recriação ou reabilitação ou até mesmo um "tradutor" ou "adaptador" de algo que já exista com algo que nunca se pensou antes "misturar"! Mas terá sempre um bocado deste "traço" Thee Orakle, pois neste álbum nós já encontramos um bocado daquilo que gostamos de fazer...bem diferente do Ep que para além de ter músicas já com mais de 10 anos, tinha também na altura uma outra formação da banda.


M.I. - Yossi Sassi Sa'aron dos Orphaned Land foi convidado para a música "Alchemy Awake". Para um futuro álbum podemos esperar algum convidado especial?

Não posso responder a esta pergunta, como podes imaginar é prematuro falar disso agora!! Mas ter o Yossi neste álbum foi um prazer extremo já que ele é um excelente músico e um amigo realmente puro, sincero e honesto! Uma excelente experiência...


M.I. - Já começaram a pensar no próximo álbum ou ainda é muito prematuro pensar em tal coisa?

Já estamos a criar músicas novas...e é provável que não seja um álbum conceptual como foi este Metaphortime! Talvez continuemos a surpreender pela dificuldade na definição de estilo que não pretendemos seguir por imposição de ninguém...mas sim fazer o que nos sai enquanto banda.


M.I.- A banda é composta por 7 pessoas com gostos diferenciados. Em termos de gosto musical, quais as bandas que vos são comuns?

Realmente é difícil achar bandas que todos nós ouçamos, mas posso dizer que Opeth é uma das banda que todos gostam e escutam regularmente... Depois posso dizer que alguns ouvem mais Tool, outros Metallica, outros Amorphis, Paradise Lost, Dark Tranquility, Daylight Dies, The Project Hate, MCMXCIX é também uma banda que todos ouvem; depois eu pessoalmente oiço para além disto, To-Mera, Octavia Sperati, Oblique Rain, Heavenwood, Moonspell, Diablo Swing Orchestra, Aghora, The Gathering...e muitos outros projectos que não metal.


M.I.- No que diz respeito a concertos, onde e quando poderemos ver os Thee Orakle? Alguma data um pouco mais para o Sul?

Relativamente a concertos a Metaphortime Tour'09 nesta fase está mais calma, mas podem ver-nos já na próxima sexta-feira di6 de Novembro no Gondomar Winter Fest com os Oblique Rain e dia 28 de Novembro em Braga no Symbiosys Fest como convidados dos Haven Denied!




Entrevista por Diana Fernandes