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Entrevista aos Headstone


Os Headstone são uma banda do Porto que conta com três anos de existência e com membros de grande experiência no underground nacional. Na bagagem trazem um óptimo EP de estreia lançado este ano intitulado "Within The Dark", eles que já se encontram a trabalhar no seu primeiro longa duração. Tivemos o prazer de entrevistar dois elementos da banda, Augusto Peixoto (bateria) e Vítor Franco (Voz) aos quais agradecemos por terem aceite a nossa proposta de entrevista e por terem disposto do seu tempo para a sua realização.



M.I. - Que balanço fazem dos três anos de existência dos Headstone?

(V) Para uma banda que começou sem grandes ambições, o balanço só pode ser positivo. A principal meta continua a ser atingida, que é divertirmo-nos com o que fazemos. À medida que a banda cresce, os desafios também e a dimensão começa a ser outra, mas a postura continua a ser a mesma.
(A) Exactamente, queremos é divertimo-nos a tocar, o resto, sendo bom, é um acréscimo agradável ao nosso objectivo principal.


M.I. - Vocês demonstraram no EP ter uma personalidade própria. Apesar disso certamente têm as vossas influências. Quais são?

(V) Não sei se conseguimos identificar claramente as influências que temos. Admitimos que a nossa música faça lembrar esta ou aquela banda, aqui ou ali, mas só depois de ter o trabalho feito é que conseguimos fazer essa associação. Cada um de nós ouve muita música diferente, e apesar de, em Headstone, estarmos mais ou menos direccionados para uma sonoridade mais específica, a música que fazemos não deixa de ser o resultado da assimilação que cada um faz das suas preferências e, claro, da sua experiência pessoal.
(A) Sendo a banda um conjunto de 5 personalidades destintas, com gostos diversificados, seria natural haver uma diferença no som praticado, mas não acontece isso, porque sabemos o que pretendemos e o som que queremos tocar, salvaguardando a identidade própria de cada elemento, é certo.
Ainda para mais já tocamos todos há anos suficientes para termos um estilo solidificado, estilo esse que conciliado pelos diferentes membros da banda, faz o som HEADSTONE.

M.I. - Na minha opinião vocês têm um óptimo vocalista, o Vítor Franco, que marca a diferença pelo registo mais cantado e melódico e dá outra dimensão à vossa música. Concordam?

(A) Completamente. É um vocalista que não só sabe cantar, como tem ideias excelentes para as colocar nas músicas e isso faz com o Vítor demarque mais a diferença perante outros vocalistas.
É certamente uma mais valia e uma das razões primordiais para a banda soar de certa maneira tão diferente das outras que praticam uma sonoridade condizente com a nossa.

M.I. - A meu ver as guitarras em “Within The Dark” estão bem trabalhadas e inventivas, fazendo o som da banda não soar igual a nenhuma referência no género em que os Headstone se inserem. Foi algo propositado ou aconteceu naturalmente?

(V) É tudo muito natural. Aliás, nós somos muito pouco metódicos na fase inicial da construção das músicas. Os riffs vão surgindo e partimos daí. Depois estruturamos a música da forma mais lógica possível.
(A) Trabalhamos muito por emoção, não compomos nada premeditadamente, quando chega a hora de compôr, juntamo-nos na sala e deixamos que as músicas possam fluir!
Somos um bom exemplo da teoria do grande Chuck Schuldiner, "Let The Metal Flow"!

M.I. - As reacções ao vosso EP de estreia têm sido bastante positivas. Visto isto, quais são as vossas expectativas em relação ao álbum de estreia no qual estão a trabalhar?

(V) Antes de mais, acho que estamos todos muito curiosos em poder ouvir o resto do material com a qualidade que foi atingida com o trabalho no estúdio SoundVision. Depois é óbvio; um EP é sempre um marco no trajecto da banda, mas não passa de um "meio passo", por assim dizer. Se, mesmo assim, as reacções têm sido o que foram até agora, isso só nos dá mais vontade de avançar para o álbum e esperar que consigamos corresponder à boa imagem com que o público tem ficado de nós.
(A) O álbum será uma continuidade do que temos feito até aqui!
Haverão temas tão antigos ou mais ainda do que os que foram apresentados no E.P. e os novos que forem compostos, não fugirão à regra da que temos tido até agora, no que toca à composição.

M.I. - A saída recente de um dos vossos guitarristas, com a consequente procura por um novo elemento poderá atrasar a composição do novo trabalho?

(V) Eventualmente... Mas, se conseguirmos colmatar essa falha em tempo útil, muitas ideias novas poderão surgir, e isso é sempre uma mais valia.
(A) Exactamente, temos consciência disso e, estamos preparados para colmatar esse atraso.
Ainda temos uns meses pela frente até entrarmos em estúdio e se tudo correr como o previsto, não teremos que alterar em nada o timming estabelecido!

M.I. - Qual será a direcção musical do novo álbum? Estará na mesma linha do EP ou trará novidades?

(V) Por um lado, não creio que ficará muito distante do que o que apresentamos no EP, pois muitos dos temas que vão aparecer no álbum são os que acompanham as músicas do EP no alinhamento dos concertos. Por outro lado, e olhando um pouco para trás, de todo o nosso material, talvez os temas do EP tenham acabado por ser os que foram compostos numa fase mais recente. Assim, o álbum poderá retratar uma fase mais primária da banda, em conjunto com temas que estão, actualmente, ainda a ser compostos. Acho que vai ser uma mistura engraçada!
(A) Estamos também a contar com as influências e métodos que o novo guitarrista irá trazer, para assim dar outra dimensão ao som da banda!
Tudo isto irá, mais uma vez, de encontro a um dos nossos objectivos, que tem haver com a surpresa e emotividade que gostamos de moldar.

M.I. - Sentem que o álbum pode ir além daquilo que foi conseguido no EP?

(V) Bom, em termos de trabalho de estúdio, poderá ir mais longe, com certeza! Após um EP de estreia com esta qualidade, regressar ao estúdio com a experiência acumulada e novas ideias, acho que só se pode conseguir melhor!
(A) E depois uma coisa é gravar quatro temas, outra será gravar cerca de 10 temas!
Haverá uma maior diversidade musical e acima de tudo, um maior cuidado de nossa parte ao gravar e também por parte do Paulo Lopes, o produtor, que nos irá ajudar a construir o álbum, transmitindo as suas ideias.

M.I. - Que objectivos tem a banda a médio/longo prazo?

(V) Ainda temos uma pequena parte da sala para cobrir com soalho laminado e gostávamos que o café em frente passasse a ter Super Bock em vez de apenas Sagres...
(A) Já tem Super Bock!...
Ah! e esqueçam a Maria Alice, que nós também já esquecemos!

M.I. - O que acham da cena do metal em Portugal na actualidade?

(V) Cada vez há mais bandas, concertos e festivais. Ainda que a quantidade nem sempre seja sinónimo de qualidade, se calhar é um cenário menos mau do que há uns anos atrás, em que o pouco que havia, existia com muito menos meios e muito mais atritos. Há que tentar ver sempre o lado bom das coisas...
(A) Tem grandes bandas que em nada ficam atrás ao que se vai fazendo lá fora! E atritos sempre existiram e continuarão a existir!...

M.I. - Augusto, como nasceu a tua paixão pelo metal e o teu gosto pela bateria?

(A) Não sei, talvez seja um dom e também o facto de ter sabido escolher numa altura da minha vida qual o tipo de música que deveria ouvir e de saber também que se enquadrava com a minha forma de ser.

M.I. - E quais os bateristas que mais admiras e te influenciaram?

(A) Os cotas como eu (risos)!
Tommy Aldridge, Simon Wright, Eric Singer, Mike Bordin, Marquis Marky, Nicko McBrain...

M.I. - Já abriram um concerto para uma banda importante como os Onslaught. Para que outras bandas internacionais gostariam de abrir?

(V) Morgana Lefay!!! E Nevermore, claro.
(A) Candlemass, Opeth, Nevermore, katatonia... ou qualquer outra que nos fosse dada a oportunidade de partilhar o palco!

M.I. - Sendo os Headstone uma banda de que se insere no Thrash, como vêm a cena Thrash Metal actualmente em Portugal e no estrangeiro?

(V) Parece-me que tem havido um revivalismo. Estas coisas, já se sabe, são cíclicas. Parece que a cada conjunto de sete ou dez anos, há um estilo que está mais em alta, para depois dar lugar a outro. Pessoalmente, como não me revejo apenas num estilo de metal, não tenho problema nenhum com isso.
(A) É uma cena como todas as outras que se torna "moda". Dou demasiada importância a diferentes vertentes e estilos de Metal, quando noto que são feitos com emotividade e que estão despreocupados em pensar que seguem um som que se encontra na moda!
Esse encontro com a "moda" deve-se em parte a uma imposição dos Media/Editoras que tudo fazem para sobressair determinados estilos e determinadas bandas e que consequentemente arrastam outras, tal como origina, também, que nasçam bandas que toquem o estilo mais corriqueiro, mas dessas a maioria tresanda a falta de originalidade por todos os poros!

Os HEADSTONE, na minha opinião, têm características Thrash, é certo, mas não podemos afirmar que somos uma banda que toca totalmente esse estilo, portanto demarcamo-nos desse revivalismo!





Entrevista por Mário Rodrigues